Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

          DIA DO BANCÁRIO OU DA EMPREGADA DOMÉSTICA?


        28 DE AGOSTO.  Dia do Bancário.  Uma homenagem merecida, sei, mas não concordo que seja feriado.  Vinte e quatro horas de inoperância do sistema financeiro do País.  Sou bancário (já aposentado), mas acho desnecessária essa interrupção sem sentido.  Sei que a grande parte da categoria ficaria feliz somente com a homenagem, a exemplo do Dia do Professor, do Dia do Médico, do Dia do Lixeiro...  Todas estas categorias já se contentam com o justíssimo feriado do Dia do Trabalho.  Fico a imaginar o enorme prejuízo para a sociedade, ou para a humanidade, se, no seu Dia:  os professores não fossem às escolas;  os médicos não fossem aos hospitais;  os lixeiros não recolhessem o lixo...

      Vamos reexaminar isto, senhores sindicalistas?   

     De minha parte, transfiro a homenagem para o(a)s não menos digno(a)s servidore(a)s doméstico(a)s. É exatamente nesse dia - 28 de agosto - que passaram a ter direito ao seguro desemprego, no caso de demissão sem justa causa.  Um Dia para ser registrado na história brasileira, se considerarmos que a Consolidação das Leis Trabalhistas, em vigor desde 01/05/1943, não contemplou os lavradores (sem terra) nem o(a)s doméstico(a)s.  Remanescentes da escravidão, perambulavam nos alpendres e nas cozinhas das Casas Grandes.  Somente setenta anos depois da CLT é que lhes foi dado o direito de assinar Contrato de Trabalho.  Subservientes, semiescravos, nunca se manifestaram, durante todo esse tempo, para exigir seu reconhecimento como empregado(a) celetista - um legítimo direito para o qual a sociedade se manteve indiferente.  Para eles, pois, repasso toda homenagem que me foi deferida, com meus fraternos e cordiais cumprimentos.          

     Não poderia deixar de registrar que, no manifesto de 15/março/2015, uma jovem exibia um cartaz com o seguinte protesto:

          "MINHA MÃE JÁ NÃO PODE TER UMA EMPREGADA!"

          Lamentável desconhecimento da história do escravismo em nosso País, que as redes sociais não enxergam nem evidenciam, mas que chegou até nossos dias. 
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 29/08/2015
Alterado em 29/08/2015


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