Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

UM MITO AZARENTO

 

Estava na cara!

Todo o seu governo foi recheado de azar.

Lembro, no começo, quando ele foi ao Estádio Nacional

Mané Garrincha, em Brasília,

junto com o seu ministro, Moro, mas somente para se amostrar.

Ambos vestiram a camisa do Flamengo e, como esperavam,

foram aplaudidos freneticamente pela torcida:

mistura de fanatismo com simpatia, antipatia e ingrisia.

No final, numa boa, ganhou o CSA de Alagoas.

Uma noite de azar

e uma sequência de outros azares para o Flamengo,

coisa que ninguém esperava,

numa fase de vacas magras que ali se iniciava.

Não demorou muito, veio a pandemia do Covid-19.

Deu o azar de a vacina demorar a chegar.

Mas o urubu parece ter ficado lá em Brasília, a sobrevoar

o Alvorada e os telhados e quintais dos hospitais

vinculados à Esplanada.

O governo do "mito", zerado de conhecimento,

todavia azarento como se viu,

empurra a Cloroquina para todo o SUS

(Sistema Único de Saúde) do Brasil.

Muitos acreditaram na cloroquina

porque foi o Exército que fabricou,

porque foi o "mito" quem recomendou.

Nos diagnósticos, azar de quem a tomou, ou se suicidou.

Vacina contra Covid recusada pelo "mito"

simplesmente, ou ideologicamente, porque vinha da China.

Nada a fazer.  Morrer, então, era a nossa sina.

Assistimos com impaciência à política desqualificar a ciência.

Muitos mortos por conta dessa indecência, ou ignomínia.

Naquele ano, muitas falcatruas e coisas erradas

passando por baixo do pano.

O mesmo que abrir a porteira pra passar toda uma boiada.

Foi tanta coisa ruim, mas tão ruim,

que até relembrar pode nos dar repugnância.

.....     .....     .....     .....     .....

Aí, para completar o nosso azar,

neste abril, no último final de semana, de onze a treze do mês,

aquele mesmo "presidente", hoje ex,

passou em nossa cidade nordestina, João Pessoa,

acho pra nos pedir perdão

pela cloroquina e por tantas outras humilhações, talvez!

Pedir perdão é coisa de gente sensível,

nunca de um ser qualquer, desprezível.

Então, ainda com seu jeito de tufão e de ex capitão,

tentando se resignar e se popularizar,

no domingo foi ao nosso Estádio (Almeidão)

ver o nosso "Belo" (apelido do Botafogo local)

jogar na certeza de ganhar a partida final

do campeonato paraibano, disputada todo ano.

O "Belo" precisava de um gol,

s-o-m-e-n-t-e  u-m   g-o-l  para comemorar...

Ufa!!...

O "mito" veste a camisa do nosso time,

até meio desconfiado, pois não tinha Moro ao seu lado.

Não é que, mesmo sem o Moro, novamente deu azar!!...

Os botafoguenses viram o time sertanejo de Souza

driblar, dominar e, no final, comemorar o placar.

.....     .....     .....     .....     .....

Acabou, antes de começar, o show, que estava previsto.

Ninguém mais gritava "mito", "mito"...

Como todos os "mitos", desapareceu sem ninguém notar

e - pasmem! - antes de o juiz dar o seu último apito.

Sorrateiramente descamisado, partiu.

Ninguém mais o viu.

Que bom!... 

Que fique bem longe do Brasil essa desgraça!

Senão, com tanto azar acumulado, vamos ver por aqui

- já, já -

tsunamis, vulcões, tufões,

tornados, terremotos, maremotos

e, por onde ele passar, cercado de motos,

inúmeros pedidos de "recontagem de votos"

feitos pelos candidatos a prefeito,

que acham que ainda não pegaram o seu azar.

.....     .....     .....     .....     .....

Da próxima vez que ele vier aqui, se vier,

e se continuar esse mistério,

de que a Terra é plana e a bola tem que ser quadrada,

vamos reservar pra ele uma vaguinha,

dentro das quatro linhas

de um quartinho escuro de uma embaixada

que o diabo tem guardado lá nos confins do cemitério.

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 16/04/2024
Alterado em 16/04/2024


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