PARABÉNS PRA VOCÊ, VERA CHRIS ! . . .
Filha, querida,
Você hoje comemora mais um ano de intensa vida!
É o seu grande dia!
Lembro, foi num dia bonito, assim, que você a-con-te-ceu.
O mundo estava em guerra e aconteceu de você já nascer guerreira.
Guerra é a tolice dos homens que renegam os dias belos.
No seu primeiro dia, razão mais não havia para contendas irracionais.
Senti ser o momento da dissolução do ódio e da absolvição dos odiados.
Pois você aconteceu exato quando esse belo dia de paz começa a clarear, como se o mundo todo amanhecesse embandeirado de branco.
E quão gloriosos foram os seus outros amanheceres até hoje!...
Oro para que os seus amanhãs sejam no mínimo semelhantes, mais brilhantes, interessantes, importantes, atraentes, mais proveitosos, mais compensadores, abençoados...
Acordei cedo e vi quando o seu hoje amanhecia, lindo, até ouvindo o trinar de afinados pássaros, também lindos e bem-vindos.
Não sei se cantavam ou estavam sorrindo, porque planavam para escutar pios recentes de rebentos nos seus ninhos descobertos.
Relembrou-me o dia em que seu primeiro choro de amor aconteceu.
Parei para escutá-lo, forte, voz de contralto.
Comemorando o nascer do seu primeiro dia, outros pássaros esvoaçavam e cantavam nos jardins da maternidade.
Os de ontem e hoje, parecem ser aves pequeninhas, que têm no coração, no seu trinar, nas suas cores, nas suas asas, nas suas garras... esse imenso poder de nos ensinar a viver.
Viver a vida - assim nos ensinam - cantando e construindo ninhos, comemorando sonhos, assumindo compromissos com os seus filhotes ou com os seus irmãos noviços.
Comemorando, continuamente e com alegria, a aurora de novos dias e o início de uma outra infância, como se renascessem sempre.
E o que farão seus amigos senão repetir isto, neste seu aniversário.
Eles estão ao seu redor, também cantando e começando um dia novo.
Estão lhe desejando “muitas felicidades”, “muitos anos de vida”, “muita saúde”, “muitas vitórias”, “muitas conquistas”, "muita paz”...
Coisa chata! Todos os anos esses desejos iguais!...
Mas, não é assim que fazem os passarinhos, quando gorjeiam em nossos quintais!?...
Canções corriqueiras, decoradas, que os entrelaçam cada vez mais.
Como seria chato se essas chatices não existissem!.
“Cumprimentos cordiais”, “Um grande abraço” e outras saudações ditas ou escritas, formais ou informais...
Quanto fermento para nossas almas nessas “tolices”!...
Coisa corriqueira, tal como nossas brincadeiras.
Mas não podemos viver sem elas. Coisa banal.
É que no mundo inteiro as expressões da alma se igualam.
Pois saiba que - do que sai do coração e dos lábios dos seus amigos - nada é banal, simplesmente banal.
São banalidades que valem como bênçãos de agradecimento.
Agradecem o terem você no grupo, o serem aceitos pelo grupo, o formarem uma comunidade que usa o ingrediente do amor para tudo alcançar por justo merecimento.
Amigos comemoram juntos cada novo encontro, cada novo dia, com o compromisso de se ajudarem, mutuamente e com carinho, na tessitura de um hino de amor, seja novo ou antigo, não importa, porque canções de amigos são sintomas comprovados de lealdade.
São afagos que um dia nos trarão muitas saudades.
Banalidades de amigos são brincadeiras que confirmam a inteireza e a grandeza de uma amizade fervorosa.
São preces feitas, de mãos dadas, comemorando os bons momentos.
São atos de ternura que alegram os convivas de sua grande festa.
Amigos querem cantar para que esses bons momentos sejam perenes, e sinalizem união, comunhão, confraternização, compromisso, solidariedade, liberdade...
Ademais, apesar das guerras, todos lhe desejam paz.
Mas, hoje, ao menos, esqueça as abomináveis guerras.
Guerra é coisa própria de homens que não conseguem viver sem elas, que morrem tolamente por elas, todas de causas duvidosas.
Homens que, se um dia acabassem esses horrorosos confrontos, inventariam outras formas de se digladiar entre si, ou buscariam alguma sem-razão para viverem em conflito consigo mesmos.
Se os seus amigos lhe desejam paz é porque lhe estão almejando aquilo que sobra de melhor em seus íntimos.
Eu me junto a eles para espalhar sementes de amor neste seu pomar e ter a ventura de poder colher, sempre, os frutos de generosidade, de coragem, de humildade, de perdão, de paz, de amor, de saber, de solidariedade, de confiança e de lealdade que você tão bem sabe cultivar.
Que sejam cada vez mais adocicados e saborosos todos esses frutos com os quais haveremos de nos deliciar, sempre, no pomar de sua nova idade.
Deus abençoe seus projetos e suas grandes amizades!
Um forte abraço com todo o meu carinho.
Fernando Freire
Recife, 27/maio/2011.