JAMAIS ME VERÁS !
SE ME FALAM DE NÓS, NÃO FICO MUDO. EU MUDO... E ATÉ ME DESEIXO. ESTREITO A VOZ. SE ME FALAM DE NÓS. PENSABUNDO, SONÂMBULO, ANÔNIMO, PERAMBULO EM DESLEIXO, INANE... DOR ATROZ. SE ME FALAM DE NÓS, VOU ATRÁS! RECORRO À ESCRIVANINHA. MEMÓRIA AUXILIAR, SÓ PRA RECORDAR. ARQUIVO: "PESSOAS ESPECIAIS". PÁGINA: “SÓ MINHA”. LÁ ESTÁS, SOZINHA. AÍ, ENCONTRO UM “E-MAIL” QUE FALA POR TI E O LEIO: ! “ - COMO VAIS? FAZ TEMPO NÃO TE VIA !... AH, SÓ TE PEÇO NÃO REPARAR: CÃS DEMAIS, FLACIDEZ MUSCULAR, ESTRIAS... NÃO SOU MAIS AQUELA MULHER BELA A QUEM TANTO QUERIAS”. -------------- enviar -------------- ANTES DO FIM, MEU “E-MAIL” SE ADIANTA E RESPONDE POR MIM: ! “ - SONHEI, NÓS, VELHINHOS, ASSIM... E ATÉ TE BEIJEI COM CARINHO... VAGUEANDO, NÃO MAIS ACORDEI. HABITUEI-ME, NOCTÂMBULO, NO SATÉLITE EM QUE SONHEI. LAR DISCRETO, SEM CONCRETO, BEM ERIGIDO E INCORROMPIDO. PAREDE: NOSSOS LENÇÓIS. SEDE: NOSSOS SUORES. ALIMENTO: PÃO DORMIDO. BANHO: ORVALHO DO NOSSO MESMO SONHO. ENDEREÇO: NOSSO BERÇO. CAMINHO: BECO ESQUISITO, SÓ DESERTO EM DIAS SEM SOL. MAS SEMPRE A SÓS, E SÓ DESPERTO SE ME FALAM DE NÓS. -------------- enviar -------------- ENTÃO, NOSSOS “E-MAILs” DUELAM: ! “ – DURÁZIAS MENOSPREZAM SUAS FACES TÃO BONITAS ! . . . PREFEREM MOSTRAR OS RETRATOS PELO TEMPO AMARELADOS. ANIMAM-NAS SÓ OS RETRAÇOS DO PASSADO”. -------------- enviar -------------- ! “ – MINHAS RUGAS: FUGA. MINHAS ESTRIAS: IRREAIS; FANTASIAS. MUSCULATURA: INALTERADA, FIXA ATÉ DEMAIS. NENHUMA VEIA DILATADA NAS MÃOS. FIZESTE ALGUMA CONFUSÃO ! MAS, PRECISO DIZER A VERDADE. CHEGA, DE QUERER MATAR SAUDADE ! EU ME CHAMO DESILUSÃO... E MUITO ME DESAGRADA TEU DESPERTAR RETARDADO. IGNÓBIL JEITO DE PEDIR PERDÃO”. -------------- enviar -------------- ! “ – TUA HIPOCRISIA ME ACUSA. POR ACASO, NÃO MAIS ME VÊS NO MACHUCADO DE TUA BLUSA ! ? . . . SABES QUE TE AMO DEMAIS: A TI E TUA INSENSATEZ. A MIM, NEM SEI ! . . . TU, SEM RAZÃO, TE SENTISTE OFENDIDA, QUERIDA. ENTÃO, APROVEITO O ENSEJO: NÃO MAIS TERÁS MEU BEIJO. E, PARA SELAR MINHA ESTUPIDEZ, MINHAS TECLAS, DESAFORADAS, AGORA, VÃO DIGITAR E TE ENVIAR AS PALAVRAS QUE GUARDEI PRA SOMENTE TE FALAR NA MINHA ÚLTIMA HORA, NO MEU ÚLTIMO ARFAR EM VIDA: ! “DEIXO-TE EM PAZ, . . . JAMAIS ME VERÁS ! . . .” (Fernando A Freire) _________________________________________________________________ Interação de linguagem poética. Poetisa: Adria Comparini. NUM MESMO SONHO, UM MESMO AMOR E que importa o tempo? E que importam as rugas? Quem se importa com a forma? No amor, o que vale é o que torna! O valor de um amor assim, Que não passa, não muda, não morre... Um amor que ainda escorre, Um amor que não tem fim E se vê, e se sente, e se vive, Nesta atmosfera de plenitude, Neste enlevo sem finitude, Um amor que se revive... Em cada beijo, em cada atitude, Mesmo que tenha sido na juventude! (Adria Comparini) -------------------------------------------------------
Adria, poetisa querida,
teu belo poema, que sugiro também editar em tua página, me encanta em demasia, como sempre me encantam os contidos no teu (agora meu) livro de poesias. De uma perspicuidade que muito admiro. A delicadeza e profundidade do teu escrito e do teu saber enorme, me fazem compreender que vivenciaste as nuances de um romance semelhante, ou melhor: um amor incessante, "que não passa, não muda, não morre... " . Sinto-me lisonjeado com este teu gesto. Obrigado!
(Fernando A Freire).
------------------------------------------------------- Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 18/01/2012
Alterado em 22/01/2012 |