Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

ESTAS MÃOS DE MULHER ! . . .
 
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos calejadas, amareladas, cinzentas,
Maltratadas, enrugadas não pela idade,
Mas pela repetição do labor diário
De uma vida inteira sem valorização... 
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos de sangue coagulado, misturado
com a argila do campo a ser plantado.
Que apalpam o desejo silencioso de
aplacar a fome na terra dos homens.    
(Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos acolhedoras, acariciadoras, defensoras,
Mãos amáveis que acolhem com ternura...
Que apertam contra o peito, mãos de alguém
Que em seu olhar despertou certa doçura.     
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que recebem flores dos seus amores.
Que se ameigam e se alongam à procura
de outras mãos com as quais se entrelaçam,
tímidas.  Unhas com esmalte cor da terra.        (Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que partem e repartem a fração do pão,
Muitas vezes minguado, fracionado, distribuído
Entre os seus com o coração, e ainda se dá por satisfeita, mesmo que pra ela não sobre refeição.
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,      
São mãos de Mulher!...

 
Mãos cuja razão da labuta é a alimentação.
Que apertam as mãos amigas por gratidão.
Tomam o pão que madrugou na janela e o
partilham.  Pão da fraternidade. Fartadela.     (Fernando) 
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que lavam, estendem, passam, costuram, remendam,
Semeiam, cultivam, colhem, ajudam, abençoam,
Economizam... suavizam com um carinho
A dor do machucado de seu filhinho.                
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos, livres passageiras de um tempo que
já devia ter passado.  Mitigam dores dos seus
trelosos amores.  Mãos suadas e abençoadas.
Mãos ainda servis e subservientes, femininas,
envolvidas com a insipidez das rotinas.  Que
ainda aplaudem a prepotência masculina.       (Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos sutis, suaves, ásperas, delicadas,
Despreendidas, estendidas em acolhida,
Massageiam, da alma, as dores invisíveis...
Mãos que tecem as tramas da vida.
Mãos que abafam, sufocam os gritos inaudíveis e, determinadas, incansáveis, fazem quase o impossível.
(Isis..)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que urge baterem tambores, convocando
a guerra contra regimes opressores.  Mãos que põem batom nos lábios sedutores,
mas que precisam aprender a apertar parafusos de uma sociedade dependente dos computadores.    
(Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que moldam a massa e a argamassa
Que alimenta e sustenta essa sociedade.
Mãos que não recebem troféus nem diplomas...
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que, quando lidas, suas linhas apontam novos caminhos da cidadania, todavia elas os   recusam, porque a ausência de liberdade lhes  tornou vazias.  Mãos que necessitam mover, urgentemente, pedras das muralhas que ainda  existem em seus tormentosos caminhos...
(Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos em que não cabem anéis nem alianças.
Mãos vestidas, imbuídas, impregnadas de dignidade,
Que se agarram com toda força à luta
E que jamais perdem a esperança.
(Isis...)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer,
São mãos de Mulher!...
 
Mãos que balançam, com carinho,
a rede das crianças, suas ou das ruas,
ergam-se também para receber os troféus
da liberdade, da esperança e da perseverança.  (Fernando)
 
Estas mãos não são mãos quaisquer...
Não se cansam.
São mãos de Mulher! 

 

Isis Dumont            e          Fernando A Freire
 
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Um dueto, em interação com a vereadora, professora, dona de casa (...), poetisa e recantista
ISIS DUMONT,
no momento em que precisei ponderar e refletir, atentamente, sobre o valor de suas mãos.

Recife, 08/março/2012
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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 08/03/2012
Alterado em 13/03/2012


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