COM UM PASSO FORA DO ESPAÇO
SOU DESSE JEITO: OLHAR PERFURANTE, PASSADAS MIÚDAS OU DE GIGANTE. PÉ PONTIAGUDO FIXADO NUM CENTRO. OUTRO PÉ, OBTUSO, SEMPRE RONDANTE. NARIZ PEQUENO, PERFIL ESCALENO, COMPLEIÇÃO DE AÇO. E, SE INDA MOÇO, FICO RETORTO COM ALGUM ESFORÇO. SOU TÍMIDO E ARISCO. CORRO E RISCO SEMPRE EM CÍRCULO, VIVO DE ESPAÇO E DE TRAÇO. AH ! SÓ ENQUANTO PERFEITO, SOU AMIGO DO PEITO. E SOBRE ESSA MACIEZ, NALGUMA VEZ, ELA ME LEVA À ESCOLA DE ARTE. AULA DE DESENHO: BOM DESEMPENHO. AULA DE DANÇA: MEU CORPO TAMBÉM BALANÇA E ABRO UM ESPACATE. IH !... GRAFITE SE PARTE, FICO NO CHÃO, NA MÃO !. . . PRA MEU DESENCANTO, SUA IRA ME ATIRA EM QUALQUER DIREÇÃO. ENTÃO, CAIO NO RECÔNDITO DE UMA VELHA GAVETA. VIRO COISA INDESEJÁVEL, OBSOLETA... AGORA SOU TRALHA, EMBORA SEM CULPA DA HORRENDA FALHA. ... TEMPO PASSA E ELA ME ESQUECE, ALI, PRESIONEIRO DE GRAÇA, EM DESGRAÇA ! . . . CERTA VEZ ELA PASSA: PROCURA, COM URGÊNCIA, ALGO IMPORTANTE. SALA ESCURA, SENTI SUAS MÃOS EM MINHA CINTURA. AH, AH !... ATÉ QUE ENFIM, CHEGOU A HORA DA MINHA VINGANÇA !... AÍ, SANGUE JORRA QUANDO PERFURO SEU POLEGAR !... E ELA ME DESCONCERTA AO SE PÔR A GRITAR, NÃO POR CAUSA DA SUPOSTA DOR, MAS DE CONTENTAMENTO POR ME REENCONTRAR. Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 22/04/2014
Alterado em 23/04/2014 |