UM PAPO DE ECONOMIA COM OS PESSIMISTAS
Realmente, dói constatar que, em 2013, o nosso PIB (Produto Interno Bruto) cresceu apenas 2,3%. Mas é animador saber que, apesar dessa constatação, o nível de desemprego em nosso País (5,5%) decresceu. Um fenômeno (inverso) que os outros países não experimentaram. Consideremos importante que o nível de desemprego, já no segundo semestre do ano, esteja abaixo do índice que mede a inflação (5,91%). E mais: que a inflação ainda se encontra situada dentro da meta prevista para este ano (6,5%). "Não vemos razão para o desalento enquanto ainda tIvermos vela, enquanto ainda nos soprem os ventos"... Também não vemos motivo para desânimo quando verificamos que o PIB do mundo inteiro decresceu (não escapamos dessa) e que o nível de desemprego subiu a níveis assustadores (até agora, escapamos dessa). Para ilustrar, trazemos como exemplo os PIB dos EEUU (1,9%), Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), além do somatório dos PIB de todos os países situados na zona do euro (-0,4%). Se fazemos parte de uma economia globalizada, faz-se necessária uma ligeira comparação com o nosso PIB (2,3%) para que possamos dizer que "ainda navegamos em maré alta". Tem mais: estudos do Banco Mundial e do FMI preveem a repetição desses índices (PIB médio de 2,2%) em todos os países neste ano de 2014, ainda em consequência do desastre econômico que os derrubou. A queda do PIB é - que se diga a verdade - uma ocorrência mundial resultante da crise financeira que eclodiu em 2008 nos EEUU. Crise que contagiou os demais países cujas relações econômicas se entrelaçam. Consequência de um sistema de economia globalizada, em que os prejuízos são socializados. A lógica, evidentemente, não nos deixaria imunes, porque participamos desse entralaçamento. A diferença, porém, é que tivemos munição para encarar essa crise com eficiência, medida e demonstrada, ao longo do tempo e em especial, pelo nível de desemprego - que em nenhum momento nos assustou. Assustou os EEUU, Portugal, França, Espanha e tantos outros países ricos, onde esse nível (de desemprego) atingiu o perigoso patamar de 27% da população ativa. Felizmente, o óbvio: dentre os protestos que até aqui ocorreram - somente em nosso país -, nenhum clamava por mais emprego. Por uma questão de conveniência, os pessimistas (ou oportunistas) nos confundem com índices de ativos pelos quais nem sempre nos interessamos. Assim, somente aos especuladores importa discutir a variação da Bolsa de Valores, ou do Mercado Futuro, ou do sobe e desce do dólar, ou do ouro... "Especuladores ganham quando inventam tragédias". Para nós - leigos ou desinteressados da usura ou agiotagem decorrentes desses ativos e da rápida variação de seus preços - importa apenas saber se o nível de emprego está sob controle e se a inflação não corrói exageradamente nossos ganhos. Aqueles ativos são coisas que a equipe econômica tem podido administrar, evitando que suas eventuais e traumáticas perdas sejam repassadas para a população. Para bem assimilar a Economia brasileira, precisamos conhecer um pouco de nossa história contemporânea. O século XX, que acabamos de ultrapassar, deixou-nos lamentáveis marcas, como duas guerras mundiais e duas longas ditaduras, das quais resultou um aprofundamento no fosso que separa os ricos dos mais pobres. Interessa-nos, no caso, e muito, acompanhar a diminuição desse fosso, dessa desigualdade secular, analisando e acompanhando o atual modelo da redistribuição da renda e da inclusão social de uma gente recém-saída do colonialismo, das ditaduras, do coronelismo e - pasmem - da semiescravidão. Semiescravidão, sim. O homem do campo (lavrador) e a empregada doméstica não tiveram o amparo da Consolidação das Leis Trabalhistas instituída desde 01.05.1943. Alguns de nossos avós foram semiescravos, mesmo sem perceber. Não eram, até pouco tempo, reconhecidos como trabalhadores. Somente agora o são. Nossa geração, neta da semiescravidão, buscou corrigir essa anomalia que - no fundo, no fundo - hoje afeta a economia do País. Claro, passaram a ser assistidos ou remunerados legalmente, ônus que, de alguma forma, cai agora em suas costas (em nossas costas). Nós, que convivemos com a beleza do romantismo e, conflitantemente, com extensos períodos de agruras ideológicas, armamentistas e de concentração da riqueza, precisamos alimentar a esperança de que o nosso país jamais volte a praticar o modelo autocrático e excludente que tanto o caracterizou no século XX. Lutemos, pois, para o engrandecimento de nossa economia - apesar até mesmo de concorrências desleais que o mundo enfrenta - especializando nossa mão-de-obra através, principalmente, da profissionalização propiciada por nossas interioranas escolas técnicas. Aí, com educação, mão-de-obra adequada e suficientes bons empregos, estaremos armados para novas conquistas e outros desafios. Para finalizar, apelemos para que nunca mais se repita o falso refrão econômico de: “Deixar o bolo crescer para depois reparti-lo”. Essa frase vem dos tempos de uma mentalidade conservadora, dominadora e de um "depois" utópico e inatingível. Repartir o bolo significa redistribuir a renda. Precisamos estar atentos, porque ainda há quem imagine concentrá-la. Nosso "depois" é "hoje" ! . . . Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 06/07/2014
Alterado em 08/07/2014 |