O DIREITO DE NASCER DEPENDE DA CONDIÇÃO SOCIAL DA MÃE?
Difícil é acreditar que um bispo tenha se pronunciado favorável à matança de uma criança (pobre) antes do seu nascimento.
Sabe ele o que é a vida? A vida é uma graça hereditária da qual tomamos posse temporariamente. Por ser eternal, precisa de continuidade. Comparo-a a um facho que recebemos (no meio de uma corrida) do atleta que nos antecedeu no cumprimento de uma meta. Carregamos esse facho até mais adiante, passando-o para outro atleta, que também o repassa com esperança de vitória. A vida não tem origem nos seres vivos - pasmem! Os seres vivos são responsáveis por sua retransmissão, recepção, gestação e concepção. Digo isso porque a semente, uma vez amadurecida, traz dentro de si vida latente. Igual entendimento com relação ao óvulo sadio que a recebe. Simples repasse solidário entre seres semelhantes (o viril e o feminil) de algo que naturalmente se funde, na expectativa da continuidade (ou desenvolvimento) da espécie. O início único da vida (vegetal e animal) aconteceu no começo de tudo. A partir daí, somente se a repassa. A água, só para ilustrar, não nasce nas cabeceiras de um rio. Ela é uma junção proporcional de hidrogênio e oxigênio que também teve um só começo. Sempre existiu como água nos estados sólido, líquido ou gasoso, acumulada em inúmeras partes do planeta. Cabeceiras e leitos de rios são os seus simples e mutáveis condutores. Os seres humanos são, igualmente, meros condutores da vida, a qual se desenvolveu a partir da fecundação: espermatozoide e óvulo num trabalho solidário. Trabalho igual ao do pólen e gineceu, nos vegetais. À natureza não importa o grau de distinção ou situação econômica desses seres. Aos seres vivos, retransmissores (ou reprodutivos), compete levar adiante seus fachos de beleza, energia, dinamismo e outros privilégios que a natureza propicia. A interrupção, em qualquer instante ou circunstância, da construção dessa teia da vida, corrompe o seu desenvolvimento natural. Qualquer agressão cometida contra ela, em especial quando se trata da eliminação de seres que não podem defender-se, constitui-se hediondo crime contra a humanidade. Além do mais, sob o ponto de vista do cristianismo, almas filhas de Deus cumprem fidedignamente todos os Seus mandamentos. Por que fazer vista grossa ao "Não Matar"? Pelo absurdo da seletividade - de raça ou de condição social - incluída, sub-repticiamente, em algumas homilias, vejo que o hitlerismo parece ter contagiado nossos altares. ______________________________________________________________ Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 16/07/2014
Alterado em 19/07/2014 |