Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

NO BRASIL, OS ALEMÃES PINTARAM O SETE

 
 
A Alemanha "pintou o sete" em nosso país ? ! ! ! . . .  Verdade ? ! ! ! . . .  Ah, há muito precisávamos mesmo dessa lição !  Que história é essa de o Brasil somente ser campeão, campeão?... Sem adversários mais fortes, fica tudo sem graça.  Acontece que nós não queríamos adversários fortes.  Queríamos o "hexa", exatamente para depois exibir a nossa fortaleza.  Bem feito !  Tivemos um baita "vexa", essa forma sincopada de dizer "vexame". 

Chorar?  Já não bastam sessenta e quatro anos de lágrimas  derramadas, com a derrota - dois a um - para os uruguaios ? ! . . . 

Espera aí, gente !  Acabo de saber que o mundo vibrou,  ficou radiante de felicidade nesses quarenta dias de realização da Copa em nosso país.  Bravo !  

É bom esclarecer que esse arroubo de felicidade mundial foi com a nossa festa, com a nossa hospitalidade, não com a nossa derrota.  É que, apesar das mensagens de derrotismo que se espalharam mundo afora, foi aqui, em nosso país, que se realizou a melhor e mais bonita Copa do Mundo de todos os tempos.  Ora bolas ! . . .

Não nos caberia aqui descrever a euforia vivida com os estádios e hotéis lotados; com os bares, restaurantes, parques, estações rodoviárias, metrôs, aeroportos, todos operando além de suas expectativas;   com  nossas praias, praças e museus precisando de mais espaço para atendimento de inúmeros frequentadores adicionais...  Cabe, sim, comentarmos alguns fatos pontuais que tão vivamente impressionaram a espectadora humanidade.

Vejamos:

- Belas lições nos foram dadas concomitantemente aos jogos, tanto que a bola, os gols e a taça passaram a ser considerados meros e insignificantes detalhes.

Lições de quê?

- Com uma competente maestria, a torcida japonesa nos deu disfarçadas aulas de civilidade e respeito ao meio ambiente.  Organizados em grupos, os japoneses operaram, pacientemente, na limpeza das arenas de Recife, Natal e Manaus, após os jogos de sua seleção.  Não pediram aplausos.  Os sábios se esquivam de aplausos.

- Continuando, rememoremos nossa história.  Os portugueses vieram de caravelas descobrir o extenso território brasileiro (início do século XVI).  Faz tempo, não ? !. . .  Pois bem, agora, início do século XXI, vieram os alemães, de avião, descobrir os brasileiros. Internaram-se em Baía Cabrália (marco do descobrimento do Brasil) em salutar convívio com os indígenas da região.  Talvez não fosse tão saudável assim esse inter-relacionamento no tempo das caravelas !  Acontece que desta vez foi diferente.  Longe de subjugarem, irmanaram-se com os seus anfitriões. A humanidade se solidariza com o respeito mútuo havido nesse fraternal encontro. 

Contabilizemos os resultados:

- Como retribuição à afabilidade de seus anfitriões, afora os presentes materiais oferecidos (para atendimento das necessidades básicas de saúde e educação), os germanos prestaram-lhes uma bela e digna homenagem.  Executaram, no gramado do Maracanã, em grupo e em torno da Taça a que fizeram jus, passos de um ritual indígena provindo da natureza, aprendido e apreendido nas selvas ou no tosco terreiro de seus pacíficos irmãos indígenas.  Um pequeno gesto que nos conquistou e que encantou o mundo.

Não houve derrota.  Digam "sim", por favor!  Derrotados não aplaudem os vencedores. Nós aplaudimos.  Aplaudimos - e com veemência -, não só os alemães, mas todos os outros igualmente vencedores, nossos ilustres visitantes.  Esses acontecimentos, no nosso entender de descendentes indígenas, valeram muito mais do que um vistoso prêmio simbólico.  Por isso, "com muito orgulho e muito amor", podemos dizer: 

Fomos redescobertos.  Fomos reconhecidos. Fomos gentis.

A Copa se converteu numa simples bandeira em que deixamos escrito que a fraternidade entre os seres humanos é viável e que a PAZ, entre todas as nações, é possível.

Que não se esvaneça o sonho do nosso "lindo pendão da esperança".

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 20/07/2014
Alterado em 23/07/2014


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