FALTOU-ME O VERBO
Tua esbeltez me fez (desejar, sonhar, orar?)... confuso. Esqueci todos os verbos do meu idioma. Cantei, toquei, beijei... Sei lá!... Qualquer verbo do pretérito. Timidez, estupidez... é o que me vêm e sequer são verbos substantivados... Meu pensar, mero intransitivo nas regras gramaticais. Preciso de um verbo que substitua minha estupidez. Um verbo irregular ou auxiliar de minha cantada silenciosa, pecaminosa... que seja complemento do meu pensamento não explícito, em que eu ache ou sinta que te toquei, como um verbo de ligação onipessoal na formulação de mil ideias ilógicas. E te segui, ou te persegui, ou prossegui inventando metáforas pinçadas de tua sinuosidade mais-que-perfeita, crente de que o teu trajar e teu andar impecáveis tornavam teu corpo e alma intocáveis, invulneráveis. No pretérito me apeguei em busca de um verbo que expressasse minha timidez diante do teu sorriso e do teu charme. Enfim, já adulto, sonhei envolto com teu vulto num verbo oculto, mas o verbo não se fez carne... Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 23/05/2015
Alterado em 23/05/2015 |