HÁ SEMPRE UMA NOVA ESTAÇÃO
O tempo mudo a tudo muda. Muda modos, muda medos, muda enredos, segredos, muda o mundo com precisão, estação a estação. Barco e mundo: proa, popa, bombordo, boreste ou boroeste. Nova posição a cada vez, a cada mês, a cada trimestre. Nova ancoragem, coragem, reanimação, Aprontam os remos pra outros rumos. Renovo de remação. Mares bravios, maiores desafios... Corre-corres decorrentes. Correntes de ar, correntes ao mar, corrente no peito carente de amar, de ancorar... Constelação orienta: remar pro Oriente. Aí, tempestade intempestiva, navegantes ofegantes, incidentes, acidentes... milagres insuficientes. Mudam o rumo, muda o tempo. Só por um momento, mar sereno. Todavia, barco à deriva. Dessossego, segue o barco a correnteza, sob sopros da Natureza. Ânsia, desesperança, desencanto... Sol levante, descanso, bonança, aliviamento, Brando vento de feição, Tesas velas reassumem a direção. Num repente: "Avante, navegantes, Terra à vista no Ocidente". Estação primaveril permanente... Desembarque, curta duração: alegria, emoção, salvação, gratidão... Grato gozo de férias em plena Primavera. Flores pros amores de marinheiros. Efêmeros e passageiros amores, que se findam a cada hora que passa. Sentimento de "nunca mais", amantes se abraçam no cáis. Arriscado retorno à velha barcaça. Mesma tripulação, horrendos temores, hesitante animação. Tal como inconstantes amores, Incertos desafios inda terão, . . . mas, só os sobreviventes Verão... _____________________________________________________
Para o texto: "Sortilégio da alegria", em que a poetisa Zuleika dos Reis deseja uma Feliz Primavera" a todos os recantistas - em 24/09/2015. _____________________________________________________ Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 25/09/2015
Alterado em 25/09/2015 |