SEM NADA, PORÉM TATUADA
Ela caminhava na calçada que o vento varria. O vento foi ao seu encontro e a acariciou com sopros tontos de amor. Descalça, desce a calçada e pisa no chão. Ele massageia seus pés com grãos de areia e, lentamente, lhe ergue a saia, tenso de emoção. Ela se despe, ante assobios e sussurros maliciosos. O que era brisa suave vira sopro de um furacão, que, furioso, suas vestes arrastou, inclusive o maiô. Corpo nu, tatuado de indecifráveis figuras. Passada a tormenta, procura e procura a vestimenta que o indelicado vento levou. Aí, também tracejada de ventania e maresia, voltou a caminhar na calçada que o revolto apaixonado ainda varria. Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 13/03/2017
Alterado em 20/03/2017 |