EU, CAÇADOR DE MIM
__________________________________________ Para o texto: O caçador de borboletas (T6268302) O ovo: prenúncio ou anúncio de um ciclo novo. A larva: arvorecer da infraestrutura de um novo ser. A lagarta: o poder, que da planta escolhida se farta, após arriscado rastejamento em busca de alimento. O sofrido rastejar fá-la desejar outra forma de vida. Extasiada, quer o firmamento, por isso é castigada. Tem por punição o construir sua própria prisão: caos, casulo, túmulo, esqualidez, a escuridão... Aí, de sua alma ávida surge a crisálida, um sonho de filha da pupa se cristaliza: lagarta travestida ou metamorfoseada, redesenho fantástico de uma fada alada... E se vê borboleta perfeita, umas mais que perfeitas. Mudança que o humano passa e nem sempre aceita: para uns o encantamento, vaivém do pensamento; a luta em busca do sobreviver sem o sofrimento; o discernimento do belo, o crer, o crescer, o saber... Pra outros, a vida só passa, o disfarce, a barganha. Para todos, o cume da montanha, a caça, a façanha, a reprodução, a evolução, a invenção, o ar da graça. A diferença possível é que a borboleta desconhece em qual das fases a beleza de sua vida começa: se é uma durázia de alguns dias ou de doze meses, conforme a região, o tempo de casulo ou solidão. De pouca pressa, só lhe interessa o néctar das flores, que, solidárias, o trocam pela saudável polinização. Seus caçadores cassam verdades e a própria idade. Mudança só de amores, favores, sabores, valores... Da flor, o ser borboleteante só detecta o néctar. Não vê que o doce saudável ao amargo se amarra, neste plano, aos prazeres e procederes do cotidiano: dulcamara excitante da "metamorfose ambulante". De: Damião Ramos Cavalcanti ________________________________________________________ Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 02/03/2018
Alterado em 03/03/2018 |