Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

PANELAÇO ou "panelaSSo"?


PANELAÇO - grito de muitos povos - foi uma invenção chilena para protestar, de 1971 a 1973, contra a ditadura militar de Pinochet.  Na história, recebeu o nome de CACEROLAZO.
Significa "panela vazia" - "estamos com fome"..., portanto, um símbolo de descontentamento.

O Uruguai copiou o Chile para protestar com cacerolazo contra a ditadura militar, entre 1982/1984, e em 2002 contra a crise econômica.

O  cacerolazo  somente  foi  deturpado  na  Venezuela. No início da  década de 1990, o povo se manifestou muitas vezes contra o governo de Carlos Andrés Pérez.  Aí, o tenente-coronel Hugo Chávez se intrometeu no cacerolazo, aproveitou a revolta, e deu o golpe de 1992 com apoio do povo.

Na Argentina, em 19/09/1996, aconteceu o mais marcante cacerolazo da história. Quase um milhão de pessoas na rua contra a política econômico-social de Carlos Menem. Seguiram-se (lá) outros grandes e organizados cacerolazos de protesto, nos anos 2001, 2002, 2008 e 2012.  Não é em vão que os argentinos e chilenos são considerados os povos mais politizados de toda a América Latina.

Nesse ínterim, registravam-se outros importantes panelaços:
- na Espanha, contra o governo José Maria Aznar (2004);
- na Islândia - "Revolução dos Panelaços" - em que o povo pede renúncia de autoridades islandesas (2009);
- no Canadá, quando o povo protestou exatamente contra uma lei que reprimia quaisquer manifestações (2010);
- na Colômbia, quando estudantes, sindicatos e fundações protestaram contra a reforma tributária de Juan Manuel Santos (2012).

Panelaços no Brasil:
- 24/04/1984, panelaço nas ruas, contra a ditadura militar, pelas "Diretas Já";
- 08/03/2015, protesto contra a presidente Dilma
(no seu 5º ano de governo);
- 17/03/2020, protesto contra o presidente Bolsonaro (no seu 13º mês de governo);
- no dia seguinte, 18/03/2020, novo protesto contra o presidente Bolsonaro, de 20h00 às 20h30.
- ainda em 18/03/2020 - 21h00 -, um contrassenso:
pela primeira vez na história universal batem-se panelas vazias, não para denunciar a fome, não para protestar contra um mau governo, não por descontentamento, mas - a pedido do próprio governo - para afagar o seu mito, contra o qual a população havia protestado com panelaço meia hora antes.

Deduzi que essa coisa sem sentido não pode ser chamada de PANELAÇO, mas
"panelaSSo"
(exatamente da forma como escreve o ministro da educaSSão,Weintraub).
Coisa de quem tem a "cabeSSa plana".

Detalhe:
Aprendi que, para um bom entendedor, um simples gesto ou meia palavra bastam.

O que observei?

- Observei que todos os destros, do protesto e do contraprotesto, seguravam a panela com a mão esquerda e batiam com a direita.

- Observei, mais atentamente, e conclui que, desde o tempo das ditaduras militares na América Latina,

A DIREITA É SÓ PRA BATER, SÓ SABE BATER.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 19/03/2020
Alterado em 21/03/2020


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras