TERRA, ESSA MULHER QUE ENGRAVIDA
A Terra, às vezes maltratada, às vezes sofrida, sabe-se responsável pela vida. Sabe-se mulher e, em sua eterna labuta, bem ou mal amada, às vezes santa, às vezes prostituta, insiste na luta em sua missão materna. Ai, também sabendo-se fértil, dá umas voltinhas, roda a bolsinha e, volta e meia, engravida. O "homo sapiens" surge na esquina para explorá-la, agredi-la ou... amá-la. A Terra o escuta, sente, sofre, grita e fala. O predador jaz insensível ao seu clamor. Somente o homem agricultor, lavrador, jardineiro, semeador, cultivador... é quem a livra de todo o mal, ao pressentir seu atraente cio sensual seguido dos "ais" de seus ciclos naturais de fecundidade e de fertilidade. Viril e prazerosamente, o semeador a acaricia com sua enxada ou com seu arado manual. Nesse ato, mesmo sangrando-a, ao perfurar o seu solo delicado, ali semeia a boa semente escolhida. Ovulação, gestação, germinação, limiar da vida... gravidez..., científicos termos afins das fases em que a plantinha milagrosamente aparece e cresce. Forma-se, assim, em seu útero - ventre ou roçado ou jardim - o mais perfeito e bendito fruto. Em estado interessante, meses adiante, a Mãe Terra dá à luz o seu rebento, que aguardava esse momento mergulhado em confortável escuridão. Rebento que é sal e pão da vida, transformado em bem-aventurada e abundante produção. Não há produção sem boa fecundação. E o agricultor que a fecundou amarra o varal do seu roçado com o mesmo cordão umbilical com o qual um dia se viu enlaçado. (fernandoafreire) ________________________________ Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 10/06/2020
Alterado em 25/06/2020 |