Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

O BOM MILITAR SE RENDE, MAS NÃO SE VENDE



Um Coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo renuncia ao cargo de vice-presidente da Associação de Oficiais da PM e, corajosamente, diz em carta, após reunião da diretoria da entidade, a razão do seu afastamento:
 
"...É a decisão mais coerente que eu poderia tomar.  Se apregoo e defendo  a democracia, nada mais justo e lícito que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado   da   Associação   de   Oficiais   é   majoritariamente   bolsonarista.    Bolsonaro é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra.  Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no início dos anos 90.  Como todo espertalhão, prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80.  Como todo falastrão, defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência.  Como todo estelionatário, prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos.  Como todo incauto, despreza e desdenha da doença e da dor alheias.  Como todo insensato, cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem.  Como todo radical, agride verbalmente e ofende seus adversários.  Como todo imaturo, não pode ser contrariado.  Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder.  Como todo arrivista, quer o poder pelo poder.  O atraso em tomar medidas pelo presidente da República e as suas atitudes erráticas e contraditórias vão levar a uma dimensão da crise que o país não tem ideia.  Como militar, sinto-me envergonhado por tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas de Jair Bolsonaro. Ele depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha (como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto).  Suas  relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro. ...A oficialidade cometeu o grave erro, um erro histórico, devido a integrantes que, por um engodo, tem feito uma opção que julgo não ser a mais adequada.  Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que esse governo tanto apregoa.  Não podemos agir como torcida organizada.  O fim do campeonato nem sempre pode nos ser benéfico"... (Glauco Carvalho)   .....    (https://horadopovo.com.br - 09/07/2020).

Acho merecedor de aplausos o militar que, por uma questão de lucidez e de honradez, não se deixa blefar com a expectativa de renda mais polpuda quando na Reserva.  Já ganham ao desincorporarem, quando são alçados a uma nova patente, além de seus soldos não sofrerem qualquer redução. Na minha humilde opinião, os que fazem "Ombro Arma" em território alheio (ocupação de cargos destinados aos civis, mais para servir à política do que às Armas), não são dignos da insígnia de defensores da Pátria, mas, sim, dos seus interesses particulares.  Isso, praticado em excesso, como está escancarado, tem cheiro de corrupção à paisana e oficializada.  S.M.J.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 26/08/2020


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