APESAR DE VOCÊ, Ó GENOCIDA, TAMBÉM FUI VACINADO
Liguei para minhas filhas pra dar a grande notícia: "Fui vacinado". - "E a foto, meu pai?"... Não tirei fotos me vacinando. Às vezes, uma pequena atitude vale mais do que o registro de uma imagem. Explico. Moro relativamente perto do núcleo de vacinação. Acordei cedo e fui até lá, a pé. Fiquei de seis e meia da manhã até nove horas conversando com os meus contemporâneos, digo, amigos de fila: o primeiro e o terceiro. Quando começou a vacinação, quase fui o primeiro. É que a atendente, ao anotar os dados pessoais, perguntou ao octogenário à minha frente o número de seu telefone. Ele não soube dizer, tampouco conseguiu lembrar o telefone dos filhos ou de algum amigo. A atendente disse que ele não seria vacinado naquele momento, pelo menos até que ... ... ... (Alguém da equipe de vacinação teria que autorizar). Eu, o próximo a ser vacinado, prontamente interferi: "Minha jovem, faz duas horas e meia que converso com esse senhor. Nesse pouco tempo, descobri onde ele mora e onde trabalhou. Sei a igreja que ele frequenta e o time de sua preferência. Sei quantos filhos ele tem e onde se encontram. Sei até que ele ficou com capacidades visual e mental reduzidas, depois que escapou da morte pelo Covid-19... Então, ponha ai o meu telefone. Somos amigos". Graças! Ele foi vacinado e ficou à minha espera para agradecer. Saímos a pé, conversando ainda por um bom tempo. Ficamos amigos de fato. Concluímos que a vacina une. Demos vivas à santa vacina e, ao nos despedirmos, ele agradece e muito bem agradecido: "Graças a você, e apesar das burrices daquele estúpido genocida, fui vacinado". Fiquei quieto, porém concordando com ele em gênero, número, grau, altura, largura, gordura, feiura... e, nessa concordância, meu espírito gritando: "Abaixo o mito! Abaixo a ditadura!"... Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 06/03/2021
Alterado em 08/03/2021 |