Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

MICHEL TEMER, O SALVADOR DA PÁTRIA OU
O CONSELHO DA REPÚBLICA?



"Dar um passo atrás para dar dois à frente mais adiante" (Lênin, 1903).
O "mito", de há muito, usa essa expressão comunista para justificar os seus recuos estratégicos.  Afinal, todos os ditadores são iguais em seus momentos de covardia.

Em 1999, num programa de televisão, por causa das privatizações que vinham sendo divulgadas pelo governo federal, o "mito" disse que ia fuzilar Fernando Henrique.
Por conta disso, o então  presidente do Congresso - Antônio Carlos Magalhães - pediu à Câmara dos Deputados para encetar um impeachement contra o "mito".
Aí, o então deputado federal Michel Temer redigiu um discurso de defesa para o "mito" ler na Câmara. O "mito" foi perdoado e continuou deputado até...
Até que (Viva a facada simulada!) foi eleito presidente do país.

Alguns dias antes de o "mito" assumir a presidência, seu dileto filho, numa reunião, declarou que, "Para fechar o Supremo bastam um cabo e um soldado".
O "mito" assume e, junto com o filho, vai ao Supremo pedir desculpas pelo ocorrido.  Entendi esse gesto como um passo atrás.  Um estratégico passo atrás.
Por acaso, diante dos acontecimentos recentes, adiantou esse pedido de desculpas?!...  Lênin tinha razão.

Mais adiante, o outro filho do "mito" diz, peremptoriamente:
"A ruptura com as instituições democráticas não é uma questão de SI, mas uma questão de QUANDO".
Isso em  meio a disparos em excesso de "fake news" atacando membros do Supremo (ou todo o Supremo por tabela).
Ufa!  Democracia em perigo!...
Pior:  não se registrou mais nenhum pedido de desculpas.

O fanatismo continua, via redes sociais, até o cúmulo de se reunir o maior número de seguidores do "mito" nas praças de Brasília e São Paulo, no Sete de Setembro.  Dois meses de intensa campanha. Até mesmo a primeira dama esteve em campo.  Por exemplo, veio a João Pessoa, no final do mês de agosto,  junto com o ministro da saúde, para inaugurar um terreno (pasmem!).  Inaugurar um terreno... Um terreno onde (cadê o  projeto?) será construído um hospital.  Evento propício para um saboroso convite: "Vamos a Brasília no Sete de Setembro".   Coisa muito parecida com o deslocamento do "mito" numa motociata, em SP, a fim de inaugurar a reforma de uma agência da Caixa Econômica.  Com isso, gasta-se o dinheiro da nação em vão, ou melhor: em avião.

Chega o Sete de Setembro.  Aliás, um ato cívico que jamais será exercido com a alegria e patriotismo vistos até os seus 198 anos.  Será doravante repudiado - avalio - como sendo o Dia do Golpe Frustrado.

Golpe, sim. Deus foi muito bom ao não permitir que um milhão de seguidores comparecessem ao ato (era o quanto se esperava receber em Brasília, provindos de suas cidades vizinhas). Parece que o dinheiro dos financiadores encurtou ou, por outra, a grande parte dos convocados raciocinou.

Golpe, sim, previsto pelo governador de Brasília que, estrategicamente, não se fez presente no ato (cívico?), tampouco permaneceu em Brasília.  Verificou-se um proposital relaxamento da polícia, confirmado quando ônibus e caminhões invadiram locais não permitidos da Praça dos Três Poderes sem qualquer reação por parte dos agentes de trânsito, ou do respaldo da polícia. Careceu da intermediação das Forças Armadas, por solicitação do STF.  Mesmo assim, não cessaram os ataques ao Supremo e ao Congresso, seja por meio de slogans e faixas dos seguidores, seja em pronunciamentos raivosos do "mito", tanto em Brasília quanto em São Paulo.

As instituições democráticas ficaram indelevelmente desmoralizadas. 

Diante das aberrações antidemocráticas, o presidente do Supremo reage e, em seu discurso à nação, enquadra o "mito" em crime de responsabilidade (caminho para um merecido impeachment).

Autoridades de todas as instituições democráticas do país negam apoio às intenções malévolas do "mito".  O rei fica nu, ou melhor:  o mito pede socorro.
É quando entra em sena, novamente, Michel Temer. Redigiu correndo outra carta de arrependimento para o "mito" ler para toda a nação.  "Não, não era isso o que eu queria dizer, ou fazer"...  "Foi tudo o calor do momento"...  No meu entender, uma saída acovardada, uma farsa, mais um passo atrás prevendo nova investida mais adiante

Em suma:  precisamos raciocinar e entender que temos um golpista no poder.  Dificilmente mudará. Quem foi, será!...

Diga-se de passagem: a carta de retratação de agora está muito parecida com a de 1999, que, lamentavelmente, deu chance de o "mito" continuar na vida pública.  Uma fake news para a Câmara (que mais uma vez se mobilizava para as démarches do impeachment). Mais uma falsa rendição.

Convença-se, sr. Temer, de que V. Sª causou um grande mal à nação. Com certeza, quando o inevitável golpe acontecer, com um louco no poder, as pessoas de bem deste país, se sobreviverem, não te perdoarão.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 10/09/2021
Alterado em 12/09/2021


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