Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

DESESTRUTURAR PARA ESCRAVIZAR

(Tam.: 18)


Percebe-se um perigo iminente. 

A matreirice do nosso governante nos leva a comparar a estratégica parvoíce de seus atos com a maior tragédia humana da  história universal.


Seguem algumas anotações para sua reflexão:

01 - Hitler, ex-cabo do exército alemão, foi eleito democraticamente pelo povo, que, prestes a uma convulsão social, indignado com uma irrefreada corrupção e uma inflação sem tamanho, rendeu-se ao "agradável" discurso manipulador de um "salvador da pátria".

          Analogia 1:  o mesmo acontece no Brasil, desde 2018, quando os ávidos por mudanças (?) elegeram presidente do país o ex-tenente Jair Bolsonaro. 

02 - Sub-repticiamente, para implantar sua ideologia de pensamento único, Hitler cuidou de enfraquecer o Parlamento, o Judiciário e as instituições responsáveis pela educação e cultura em toda a Alemanha.

          Analogia 2:  o mesmo vem acontecendo também no Brasil, quando o atual governo impõe o pensamento único através das redes sociais (fake news) e apoia os negacionistas que tentam enfraquecer os outros dois pés da democracia: o Supremo e o Parlamento.  O plano é substituir os magistrados por elementos desqualificados, mas subservientes aos desígnios do governo. Ao mesmo tempo, enfraquece o Parlamento adotando a política do toma-lá-dá-cá e a seletividade dos que fazem jus às ricas Emendas Parlamentares ("Mateus, primeiro os meus").  Para não fugir à analogia até mesmo com o chavismo venezuelano, vem nomeando cada vez mais militares para comandar seus ministérios mais estratégicos e, como se não bastasse, para ocupar vagas em todos os órgãos públicos (embora não concursados). 

          Analogia 3:  sopesemos os primeiros passos da mudança planejada (intenção de despretigiar o Supremo):

- um filho do presidente disse que "Para derrubar o STF bastam um cabo e um soldado"; 

- outro filho disse que "A ruptura do Executivo com as demais instituições democráticas não é uma questão de SE, mas de QUANDO" (Falaremos da educação na analogia 5).

 

03 - Hitler teve no seu governo o mais disputado Ministro da Economia da Europa, HJALMAR SCHACHT, que, sob o seu timão, fez a Produção Nacional da Alemanha, de 1932 a 1937, crescer 102%;  seu programa para diminuir o desemprego teve como princípio o estímulo exclusivo às empresas privadas ("micro" ou "macro").  Leigo em economia, Hitler depositou total confiança no seu super-ministro, diria melhor: no seu "Posto Ipiranga".

          Analogia 4:  o ministro da economia do Brasil, mesmo sem nenhum trabalho publicado, destaca-se como grande economista por se ter tornado milionário especulando no mercado financeiro. Daí seu empenho em priorizar o lucro das grandes empresas privadas de capital aberto do país.  

 

04 - Ao contrário do que fez com a economia, mas com o intúito de descaracterizar a educação e impor o regime do pensamento único, Hitler nomeou para o Ministério da Ciência, Educação e Cultura Nacional seu amigo Bernhard Rust (1934/45), um fanático nazista que havia sido demitido do cargo de mestre-escola provincial por debilidade mental.  Evidentemente, um despreparado para liderar a educação em qualquer parte do planeta.  Bernhard Rust, paulatinamente, substituiu os antigos professores (aprisionados como comunistas) por defensores, ideólogos ou membros do partido nazista. Em 1937 criou a Lei do Funcionalismo, impondo aos professores o dever de prestar juramento de fidelidade a Adolf Hitler.  Rust também indicou os dirigentes das uniões estudantis universitárias e os candidatos à reitoria das universidades. Estes eram eleitos formalmente pelos professores nazistas. Registre-se ainda que a Associação Nacional Socialista dos Lentes Universitários (liderada por nazistas) tinha o papel decisivo de selecionar professores e treinar os alunos política e militarmente com instrumental nazista, sobrelevando as aulas a domicílio. Preponderava nas escolas a disseminação do ódio contra os judeus, ciganos, comunistas, gays e deficientes físicos (Ver Museu do Holocausto, nos EUA).

          Analogia 5:  Para que se clareasse a semelhança, nossos quatro últimos indicados para o Ministério da Educação no Brasil bem que deveriam ter se submetido a uma avaliação psiquiátrica.  Igualmente despreparados, se acaso fossem bem avaliados psiquicamente não resistiriam a um único teste do ENEM.  Aqui também dissemina-se o ódio contra aqueles a quem chamam de "intelectuais comunistas" e, principalmente, contra grupos minoritários: gays, negros, indígenas, quilombolas, sem-teto e sem-terra (estes já distinguidos pelo presidente como "terroristas"). Destaque-se na educação o deseducado ministro Weintraub, que, de forma intencional, provocou as entidades judaicas ao banalizar a memória e a tragédia do povo judeu no Holocausto. Seu puro comportamento nazista lhe valeu, como ministro demitido, um cargo de diretor (representante brasileiro) no Banco Mundial.

 

05 - Saindo da Alemanha para a Itália, a história nos mostra Mussolini provocando manifestações populares contra os outros dois poderes constituídos da Itália (o Parlamento e o Judiciário) e, vaidosamente, delas participando na linha de frente e - pasmem! - montado a cavalo.

          Analogia 6: Bolsonaro, em 31/maio/2020, em plena pandemia, também encavalgando, posou à frente das manifestações dos seus seguidores , que gritavam palavras de ordem e ameaças contra o STF, além de enaltecerem o AI-5, a chama ainda acesa da ditadura militar.

 

06 - Em 01/junho/2021, Dia Internacional do Leite, Bolsonaro posa, numa "live" com dois funcionários do alto escalão, tomando leite (todos ao mesmo tempo).  Nada demais, a princípio, mas esse gesto, comum ao trio, é um símbolo neonazista europeu relacionado com a supremacia racial.  Também, pela mesma razão, com esse gesto visa copiar a organização de extremistas brancos dos EUA denominada "All Rights", uma ramificação da centenária "Ku-klux-klan".  Se bem analisado, trata-se de um extremismo nazi-brasileiro, sem criatividade, tipo maria-vai-com-as-outras, ideológica e toscamente copiado.
 

07- Em 17/jan/2020, Roberto Alvim, então Secretária Especial da Cultura, quando propagava um prêmio da alta cultura, o fez num vídeo com discurso nazista inteiramente copiado  de Joseph Goebbels, que foi o Ministro da Propaganda Nazista de Hitler.  Também autor da propaganda política que elegeu Hitler: "A Alemanha acima de tudo e Deus acima de todos".  O presidenciável Bolsonaro copiou-a "ipsis litteris" em sua campanha.

 

08 - Sérgio Camargo, um negro da extrema-direita, inimigo dos negros e dos movimentos antirracistas, assumiu já pela segunda vez, a presidência da Fundação Cultural Palmares.  Antivitimista, em 21/10/2021 autointitulou-se "BLACK USTRA", uma homenagem ao coronel Ustra, mais destacado torturador da ditadura militar de 1964.

 

09 - Em 31/out/2021, Bolsonaro se contradiz no G20, em Roma, ao dizer que durante os quase três anos de seu governo tem combatido o desmatamento e a queima de nossas florestas, além de ser um permanente defensor dos indígenas e das mulheres.  Em Roma, a única autoridade que o recebeu foi o senador Matteo Salvini, líder da neo-nazista extrema-direita.

 

10 -  Enfim (apesar de as comparações não terem chegado ao fim), o que nos deixa com um monte de pulgas atrás da orelha é que, coincidentemente com o que aconteceria ainda hoje com a Alemanha nazista, temos um governo que:

          Nomeia uma mulher machista para o ministério da mulher;

          Nomeia um negro racista para presidir uma entidade fundada pelos negros;

          Nomeia um ator inculto para a secretaria da cultura;

          Nomeia um ecocida para o meio ambiente;

          Nomeia somente ignorantes para liderar a educação;

          Nomeia negacionistas para (des)organizar a saúde...
O propósito, na verdade, é:

          DESESTRUTURAR PARA ESCRAVIZAR.  Nunca foi diferente em todas as ditaduras do mundo.
 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 05/11/2021
Alterado em 05/11/2021


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