DIA DAS MÃES TAMBÉM É NATAL
No final do ano, em meio a guirlandas iluminadas, bolinhas coloridas e árvores enfeitadas, comemoramos o nascimento de Jesus. Mostramo-Lo numa manjedoura. Ao lado, a mãe do recém-nascido, com todos os cuidados pediátricos para alimentar aquele serzinho humano e protegê-Lo de tudo. Analisando a história da Família Sagrada, reis avisados por símbolos celestiais, trouxeram presentes do Oriente, não para a mãe (tampouco para o pai), mas para o Menino Deus prometido. Assim, Maria Imaculada, a mãe escolhida divinalmente, mesmo sob ameaças e intenso sofrimento, é pouco lembrada nessa importante página da história cristã. Nada mais justo a humanidade, que lhe ficou devedora, fixar data especial no calendário para homenageá-la. Um dia que não seja diferente do Natal: com reunião da família, beijos, abraços e oferendas. A Mãe Santíssima da humanidade precisa ser lembrada, sim, pela devoção que temos à nossa própria mãe, que a representa aqui na Terra. Marcou-se o Dia das Mães, que deverá ser igualmente celebrado como o Dia das Mães de todas as Mães.
- "Ah, que eu não tenho mais a minha mãe!" Mesmo assim, comemore, ore, faça-a presente em seu coração. A grande parte de sua vida vocacional ela doou pra você, com certeza, com todo amor que sua alma poderia cumular.
- "Ah, que a minha mãe me abandonou!" Saiba que onde ela estiver, hoje, estará lembrada de você, quiçá arrependida, quiçá envergonhada, quiçá em prantos... desejosa de ver e de ter você. Tente encontrá-la e aprenda com ela a grandeza do "perdão", assim como a aspereza da "solidão".
- "Ah, que minha mãe é policial: vive prendendo outras mães todos os dias, inclusive hoje e no Natal!" Não a culpe por estar cumprindo uma obrigação. Deus sabe o quanto lhe dói pôr algemas no pulso de outra mãe que - quem sabe as circunstâncias?! - foi levada ao martírio da contravenção. Mesmo que seja amanhã, beije-a e aceite que ela, ainda que armada e fardada, é sua mãe, é digna de ser amada.
- "Ah, mas a minha mãe é prostituta!" Quem sabe as razões que a arrastaram para essa ainda não reconhecida profissão?!... Trata-se da maior violência social, o machismo, à qual uma mulher pode ser submetida. Falta-lhe trabalho menos submisso, falta-lhe comida, faltam-lhe instrução ou oportunidade para encarar a vida. Todavia, que não lhe falte dignidade e o reconhecimento da sociedade de que grande parte das mulheres que caem na prostituição o fizeram como a última das opções: submissão, escravidão, "beco sem saída", final de vida... Ame-a! Saiba que ela necessitará pelo resto da vida desse seu amor, do qual você foge, do qual ela também foge. Quem sabe, foi pelo intenso amor dedicado a você que ela, carente de tudo, decidiu negociar o próprio corpo?!... Quem sabe, ela quis lhe proteger quando você ainda se espreguiçava numa manjedoura?!...
- "Ah, porque minha mãe dorme na rua e ainda é pedinte!" Pedir para sobreviver não é o fim de tudo, embora essa dependência seja o nível mais baixo da humilhação. Ela não pede para si mesma. Migalhas recebidas são solidariamente redistribuídas. Ela pede para, de alguma forma, alimentar você. Para ela (que de tanto escutar a resposta "não" já está cansada ou acostumada), parar de pedir significa a morte. Pede porque não morreu ainda todo o seu amor por você. Ame-a, com todos os seus molambos, com toda sua desesperança, com o seu permanente cheiro de quem não tem banheiro... Ame-a, sim, mesmo que o "amor" para ela possa significar um "palavrão". Ame-a de verdade, porque ela, como mãe, mesmo em agonia, representa Maria, de mãos estendidas, implorando, não tanto uma refeição, mas a caridade, humanismo e afeição dos que fazem seleta a nossa sociedade. O amor dessa criatura é maternal. Afinal, mesmo descalça, maltrapilha, maltrajada, sem saber nem mesmo quem ela própria é, ame-a: Ela é MÃE; Ela é MULHER. Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 08/05/2022
Alterado em 08/05/2022 |