Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

PIADAS VELHAS, SEM GRAÇA, podem nos livrar da desgraça

 

 

Um eleitor, depois de receber o seu auxílio, adoeceu febril e morreu. 

Um anjo lhe fez companhia até o Céu.

Lá, o clima era de igreja: 

muitas almas em procissão ou ajoelhadas em louvor a Deus. 

"Ora veja!"...

Parece não ser bem o ambiente que o pobre eleitor desejava.

A bem da verdade, trata-se de locação por toda uma eternidade...

Queria uma recepção mais calorosa, pelo menos equiparada à sua febre.

Pra ser daquele jeito

- "Puta que pariu!" -

preferia morrer mesmo de fome no Brasil!...

São Pedro o ouviu.

Aí, permitiu, pacientemente,

que ele desse mais uma voltinha à procura de um lugar diferente e

- claro! -

que lhe fosse mais conveniente.

No retorno ele decidiria sobre a moradia do seu agrado,

se no Céu ou no novo lugar encontrado.

Agradeceu a São Pedro, agradeceu a Deus,

e partiu, num repente. 

Não deu tempo nem de o anjo ficar ao seu lado.

Afinal, já tava até grandinho

pra saber escolher sozinho seu melhor caminho...

Quiçá um Céu mais moderno,

principalmente quando só se fala em caminho eterno!...

Parou mais adiante,

ao ouvir músicas contagiantes e bastante conhecidas,

daquelas que a gente guarda na memória pra toda a vida: 

"...e que tudo mais vá pro inferno...",

"...aqui é o fim do mundo..."

A música o atraía, repetida e refletida nos quintos daquele sub-mundo.  

Discretamente, abriu uma janela e viu uma animada "festa de arromba": 

todos dançavam, comiam currasco, bebiam cerveja geladinha na sombra

e dançavam...

Mulheres lindas, loiras ou moreninhas, com os seus pares se abraçavam...

Não quis conversa:

Voltou ao encontro de São Pedro, já decidido e com muita pressa. 

Queria, na verdade, viver ali o resto de sua eternidade.

São Pedro não contestou, alertando-o, que aquele era um caminho sem volta. 

O eleitor não quis mais conversa,

nem anjo nenhum lhe fazendo escolta.

A vontade de aproveitar a festa aumentando,

saíu da porta do Céu quase voando.

Chegando lá, no local da festa, bateu no enorme portão, pedindo já para entrar.

Portão aberto, viu o festivo ambiente em chamas e começou a perguntar:

"Que é da festa que eu vi aqui ontem?  Mulheres bonitas, churrasco, cerveja?!"...

Foi quando o diabo apareceu e lhe respondeu:

"Até ontem era nossa campanha eleitoral. 

Acabei de ser reeleito. 

Entre!...  Bem-vindo seja!...

Daqui pra frente, nada vai ser diferente!...

Traga sua lenha!

Qualquer coisa a ser destruída, eu sempre vou lá com fogo e dou meu jeito!...

Seja bem-vindo ao reino do mal,

e tenha muito cuidado pra não queimar o seu título eleitoral".

.     .     .

Assim,

o pobre eleitor, inocente,

escolheu inconscientemente

o seu eterno fim

em meio às chamas do inferno,

mergulhando no fogão da enganação

até daqui a quatro anos,

se ainda houver eleição.

 

 

(www.fernandoafreire.net)

 

 

 

 

 

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 09/08/2022
Alterado em 12/08/2022


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras