Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

A BOIADA PASSOU E PISOTEOU BRASÍLIA

 

 

Há uma ordem endereçada aos fanáticos da extrema-direita, espalhada no mundo inteiro:

 

- "Desqualificar os judiciários, as instituições governamentais, as leis e TODOS os símbolos nacionais dos seus países";  ditaduras não admitem outros poderes atuando;

 

- "Utilizar-se da DEMOCRACIA como instrumento para desmoralizar a própria DEMOCRACIA";

 

- "Fabricar notícias alarmantes e que mexem com o emocional dos incautos, via redes sociais; repetí-las e espalhá-las no menor tempo possível sem que se identifique o autor (fake news)";

 

- "Considerar fraudada qualquer eleição com resultado adverso aos candidatos apoiados pela extrema-direita;

 

- "Não perder o entusiasmo perante eventual insucesso: às vezes, um passo atrás nos anima a dar dois para a frente na próxima empreitada ". . .

 

No fundo, no fundo, é uma guerra acobertada pela assunção de um pseudonacionalismo, ou pseudopatriotismo.

Relembremos o que aconteceu nos EUA na quarta-feira, 06/janeiro/2021:

Seguidores de Trump invadem o Capitólio. A princípio, simples manifestação. Depois, vandalismo.  Por fim, terrorismo.  Um grupo de criminosos carrega todo um aparato de morte para ali executar o vice-presidente Mike Pence, por enforcamento.  Mike, naquele instante, presidindo uma sessão no Senado, desconhecia estar condenado à pena extrema.  Condenado por ter tido a coragem de rebater a mentira de Trump acerca do resultado das eleições. Para livrá-lo dos irados algozes, Mike foi levado às pressas para a sala mais segura da Casa.  Seguiu-se um quebra-quebra.

A inesperada rebelião deixou o triste saldo de cinco mortos e incontáveis feridos. Até agora (dois anos depois), 940 desses terroristas foram condenados.

Conclui-se, aparentemente, que o terrorismo não conseguiu o seu intento maior: matar o vice-presidente Mike, que, dignamente, não aceitou a mentira apregoada por Trump.

O processo judicial, criminalizando Trump, ainda não está concluído, todavia os terroristas da extrema-direita consideram que a invasão foi exitosa.

Importante:

Os criminosos, invasores do Capitólio, empunhavam a bandeira nacional do seu país, muitos até vestidos com ela.  Alguns exibiam em suas camisetas exaltação ao holocausto nazista:

"SIX MILLIONS WAS LITTLE" (seis milhões foi pouco). 

Os cidadãos de bom senso avaliaram a tragédia, e o mau uso de sua bandeira nacional, como: inoportuno desrespeito às autoridades, às instituições e ao símbolo maior da democracia norte-americana.

 

Ataque semelhante (em gênero, número e grau) acontece no Brasil, dois anos e dois dias depois dessa lastimosa ocorrência .  Da mesma forma como nos EUA, os terroristas também empunhavam e/ou vestiam nossa bandeira nacional, num flagrante desrespeito à Lei 5.700/71 que dispõe sobre o bom uso, guarda e conservação de nossa flâmula. 

Ver um bandido vestido com a nossa bandeira é o mesmo que vê-la atirada numa lixeira

Trata-se do mais falso patriotismo. Vândalos homicidas valem-se do símbolo maior de nossa democracia para esconder os seus crimes contra a própria democracia.

Afinal, tentou-se um golpe.  Gritavam contra o resultado da última eleição presidencial. Exibiam faixas com expressões contra o Poder Judiciário.  Pediam intervenção militar com os Bolsonaro no poder...  O mesmo apelo feito em 2020 à frente do Quartel General de Brasília, com a presença participativa de Bolsonaro, Onix Lorenzoni, Pazuelo e muitos outros sequazes.

O mesmo apelo feito em 07/setembro/2021, quando os generais, convidados por Bolsonaro para dar um golpe, deixaram-no sózinho no palanque.

O mesmo apelo feito em 07/setembro/2022, idem, idem, em Brasília e no Rio de Janeiro.  

A mesma plateia frustrada de sempre.  A mesma plateia que ontem (08/01/2023) viajou até Brasília sem ônus, financiada por quem atiça e frouxamente se esconde.

Aliás, todos os covardes atiçam e se escondem.  Bolsonaro, quando ainda presidente, e Anderson Torres  -  seu ex-ministro da Justiça, recém-nomeado secretário de segurança do DF - esconderam-se nos Estados Unidos.

A mesma plateia, ontem à tarde, subiu a rampa do Palácio do Planalto.  Não se viu nenhum indígena, nenhuma criança negra, nenhum deficiente físico, nenhuma catadora de lixo...  Nessa ruidosa subida, diga-se de passagem, 99% dos terroristas não eram vândalos, eram brancos. 

Será que vão permanecer nas calçadas dos quartéis?...  Acho que não, porque são todos covardes!  Nenhum deles ousou entrar.

E, por falar em covardia, basta ver o dia escolhido para a rebeldia:  domingo; o silêncio cobrindo Brasília; o presidente em missão de emergência no interior de SP; o Judiciáro e o Congresso em recesso...  Um golpe frustrado, mas esperado e já algumas vezes experimentado, contando, todas as vezes, com a conivência de quem poderia tê-lo evitado. 

 

E se os SEM TERRA ou os SEM TETO fossem exibir faixas nas calçadas dos quartéis, sabem quantos minutos eles ficariam???....

E se fossem os SEM TERRA ou os SEM TETO que invadissem e depredassem as casas onde funcionam os três poderes da República?...  Estariam vivos?!...  

No discurso de posse, Bolsonaro classificou os SEM TERRA, SEM TETO e os sem nada de perigosos T-E-R-R-O-R-I-S-T-A-S.  Quem matasse um deles estaria perdoado.

Ontem, em nota de esconderijo, de onde acompanhou tudo junto com o agora ex secretário de segurança do DF, chamou os verdadeiros TERRORISTAS, suavemente, de simples MANIFESTANTES.

Oremos!...

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 09/01/2023
Alterado em 09/01/2023


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