A MENTIRA NÃO PODE SER ABSOLUTA
Em todas as guerras, a verdade é logo aprisionada na cela escura dos condenados e incomunicáveis. Sobressai-se a mentira, livre e solta pelos corredores dos digladiadores, muitas vezes disfarçada nas bandeiras nacionais e nos hinos e cânticos "patrióticos" dos seus países. Um disfarce içado... Um engodo hasteado... Enquanto as guerras avançam, a mentira prolifera como imprescindível nas reuniões dos generais (que as empregam com o objetivo de elevar o entusiasmo bélico dos soldados nas trincheiras). Matar ou morrer! Mentir ou sucumbir-se!
Estamos em guerra. O mundo vive um clima de guerra digital incessante, desde a utilização e evolução das redes sociais. Nelas, as boas informações (qualitativas) e as desinformações (quantitativas) se digladiam. Para que vivamos em trevas, basta deletar a luz. Nossas chamas pouco a pouco vão se extinguindo com o bafo das inverdades sopradas.
Infelizmente, hoje, no âmbito das redes sociais, as desinformações superam assombrosamente as informações qualitativas (Instrumentam-se com o dito popular: "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" e, principalmente, da tática, testada e comprovada pelo inesquecível genocida, Hitler: "Uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade").
Ideologias fundamentadas no ódio, na mentira, na intolerância, no preconceito, no racismo (...) ressuscitam a marca registrada do nazismo, exatamente quando divinizam Hitler como seu assaz experimentador. Sabem que ele pregou a mentira de que "o dinheiro do mundo estava em mãos e sob o controle dos judeus", acobertados pelos ciganos e comunistas, seus inimigos escolhidos. Eram os responsáveis pela depressão econômica da combalida Alemanha de então, que resvalava para toda a Europa Ocidental. Os seguidores do nazismo assumiram essa injúria, ou maldição, como verdade absoluta (só a verdade pode ser absoluta), até mesmo a imprecação de que os inimigos do nazismo, amaldiçoados, não tinham alma, logo, deveriam morrer. Matava-se com a certeza de se estar prestando um serviço a Deus. No pós-holocausto é que se constatou qual povo e qual país detinham na verdade o capital, ou o poderio, do mundo.
A absurdidade é que os genocidas nazistas, embora inumanos, deram cria. Os perseguidores de hoje são os mesmos, com fluidos nazistas circulando em suas artérias. A sede sanguinária de absorver o ódio e perfilhar a barbárie é a mesma. A diferença visível é que os perseguidos já não são os que têm muito dinheiro, mas os que nada têm. E os que nada têm são maioria entre os negros, indígenas e quilombolas. Além desses, são igualmente perseguidos todos aqueles que divirjam da velha cartilha nazista, agora reproduzida nas mãos da ultradireita no mundo.
Paradoxalmente, a ultradireita (nazista), hoje, é a maior defensora e garantidora da penetração do capitalismo em todos os recantos do planeta. Sub-repticiamente, os não capitalistas devem morrer! Para tanto, haja "fake news" espalhadas em velocidade supersônica, via redes sociais, influenciando primordial e negativamente nas eleições democráticas, onde quer que ainda existam.
O que é pior - um contrassenso: valem-se da democracia (liberdade de expressão) para ultrapassar os limites da liberdade e impor o totalitarismo (a total falta de liberdade).
Trata-se, sim, de uma guerra sem fim, sem canhões, sem lança-chamas, sem pólvora, sem estopins. Nossos descuidos quanto ao fanatismo consequente têm contribuído para a derrota da verdade e para a vitória dos que a renegam.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 23/05/2023
Alterado em 09/07/2023 |