Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

MAUS SOLDADOS DESONRAM A FARDA E A NAÇÃO

 

 

 

 

Em 22/11/2021, amedrontado com os sinais de um golpe na democracia, evidenciado no desfile militar do "07 de Setembro" daquele ano, em Brasília, achei oportuno publicar a carta de um Coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo, de junho/2020, dirigida à Associação de Oficiais da PM, ao renunciar ao cargo de vice-presidente daquela entidade.   Título que dei ao meu texto de então:

"Como militar, sinto-me envergonhado".

 

Não me canso de repetir o teor dessa carta a cada sinal de derrapada da nossa democracia. Precisamos, na verdade, aprender (de vez) a separar o joio do trigo.  Nossa democracia não pode continuar sendo confundida com ervas daninhas.

 

Segue, para sua análise e reflexão, o teor da carta precitada, emitida pelo Coronel Glauco Carvalho e dirigida aos seus colegas de farda e toda a nação brasileira:

 

 

"...É a decisão mais coerente que eu poderia tomar.

 

Se apregoo e defendo a democracia, nada mais justo e lícito do que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente bolsonarista.

 

Bolsonaro é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra.

 

Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no início dos anos 90.

 

Como todo espertalhão, ele prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80.

 

Como todo falastrão, ele defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência.

 

Como todo estelionatário, ele prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos.

 

Como todo incauto, ele despreza e desdenha da doença e da dor alheias.

 

Como todo insensato, ele cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem.

 

Como todo radical, ele agride verbalmente e ofende seus adversários.

 

Como todo imaturo, ele não pode ser contrariado.

 

Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder.

 

Como todo arrivista, ele quer o poder pelo poder

(sob nossa análise, está muito claro o seu intento: desqualifica o Supremo e suborna o Parlamento).

 

O atraso em tomar medidas pelo presidente da República e as suas atitudes erráticas e contraditórias vão levar a uma dimensão da crise que o país não tem ideia.

 

Como militar, sinto-me envergonhado por tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas de Jair Bolsonaro.

 

Ele depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha (como Roberto Jefferson/PTB e Valdemar Costa Neto/PL - destacados protagonistas do velho "Mensalão").

 

Suas relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro.

 

...A oficialidade cometeu um grave erro, um erro histórico, devido a integrantes que, por um engodo, têm feito uma opção que julgo não ser a mais adequada.

 

Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que o governo Bolsonaro tanto apregoa.

 

Não podemos agir como torcida organizada.

O fim do campeonato nem sempre pode nos ser benéfico"...

 

(Cel.Glauco Carvalho)-(https://horadopovo.com.br-09/07/2020).

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Vale relembrar Cícero (300 a.C.):

"Os iguais facilmente se juntam".

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 22/09/2023
Alterado em 23/09/2023


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