Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

CONGRESSO: QUALIDADE OU QUANTIDADE?

 

 

Na gestão anterior do país, o maior de todos os escândalos foi a criação oficial do Orçamento Secreto: uma brincadeirinha de "toma-lá-dá-cá" entre o Legislativo e o Executivo.  Corrupção oficializada.

O governo federal, por lei, somente podia liberar verbas para parlamentares até setembro/2022, mas o fez, em forma de Orçamento Secreto, até uma semana antes do segundo turno da eleição (31/outubro), beneficiando diretamente os seus aliados (94%) e, indiretamente, o seu candidato ao governo de SP.

No caso, não se mencionava o nome do destinatário, tampouco o beneficiário precisaria informar o destino específico da verba recebida, digo melhor: "embolsada" para a compra de votos.

Repitocompra de votos de parlamentares com o dinheiro público, nada diferente do "mensalão" e do velho "anões do orçamento".   Aí, os parlamentares, uma vez beneficiados, vão elegendo para os mais diversos cargos políticos os seus apoiadores, sejam eles competentes, honrados, imparciais, com projetos voltados para a coletividade, ou não. 

Está aí, para nos representar, um Congresso Nacional entulhado de parlamentares mercenários, incompetentes e sustentados com o dinheiro público, o nosso dinheiro.

No último dia 05/fevereiro (segunda-feira), o presidente da Câmara, que atuou junto com aquele governo para propiciar essa maioria bagunçada, deixou claro, em seu discurso aos "parlamentares", que a festança continua, atirando o Executivo no canto da parede e entoando um "ou-dá-ou-desce" (à la Eduardo Cunha) para adicionar ao Orçamento da União mais 5,6 bilhões a serem distribuídos com os mercenários parlamentares, com certeza insatisfeito com os atuais 47 bilhões já orçados.

Nasce daí uma pergunta:

"Quanto sobrará para o governo federal investir em seus projetos estruturais para o país?"... 

Basta dizer que mais de 50% da verba orçada para investimentos do governo federal fica nas mãos dos parlamentares interessados, que a levarão fatiada para os seus redutos eleitorais.  Lembremos o município de Pedreiras-MA, que justificou a destinação da verba com extrações dentárias da população.  Feita a devida proporção, cada habitante daquela cidade teve arrancados 19 dentes.  Fosse verdade, Pedreiras teria se transformado numa cidade sem sorriso.

O incrível é que todos nós, os brasileiros banguelas, ficamos de boca murcha diante dessa gastança irracional, sem perceber, na verdade, que, com esse parlamento que aí está, pagar impostos federais passou a ter o significado de "jogar dinheiro fora".

Analisemos:

- EUA destinam 1% do seu orçamento anual para os seus parlamentares investirem, comprovadamente, em suas respectivas cidades;

- França, idem;

- Alemanha, 0,5% do seu orçamento anual, também com exigência de comprovação;

- Brasil, 27% do orçamento anual, sem a necessária comprovação.

O total de Emendas Parlamentares brasileiras, em 2023, era de R$ 37,3 bilhões. 

Em 2024, o Congresso a elevou para R$ 53 bilhões.  Como o governo federal vetou R$ 5,6 bilhões desse total, está agora sofrendo pressão, principalmente por parte do presidente da Câmara,  Arthur Lira, com ameaça de boicotar doravante os seus projetos estruturais.  Essa é a única maneira - polarizada - de ele mostrar que o Congresso tem força (quantidade), porém não tem consciência coletiva (qualidade).

Esse filme, à la Eduardo Cunha, todo o Brasil já assistiu. 

Pelo visto, se não reagirmos com a nossa inteligência, vai haver reprise.

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 07/02/2024
Alterado em 08/02/2024


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