Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

CORONEL CID AINDA É AJUDANTE DE ORDEM DO CAPITÃO

 

 

Acabo de ler o texto "A VERDADE DO CID", hoje publicado pelo recantista João Drummond.

Ele critica a atuação da Polícia Federal e do STF, como se essas instituições estivessem selecionando as respostas do ex ajudante de ordem (do ex presidente) nas investigações acerca do frustrado "golpe".  Apoiou bravamente os reclamos do coronel (agora aprisionado), como se fosse o seu advogado de defesa.  Desqualificou todo o trabalho investigativo acerca da trama golpista que não se efetivou, dizendo que, com o tempo, deverá cair no esquecimento da população.  Quer dizer fez-nos entender que "As investigações da PF resultarão em PIZZA".   Será?!!...    

Quanto ao STF, particularizou-o - como o fazem todos os golpistas - na pessoa do magistrado Alexandre de Moraes,nominando-o como "ditador".  Por sinal, o magistrado mais insultado pelo ex presidente nos seus quatro anos de mandato.

Ora, veja!...  Chegamos ao absurdo de chamar de "ditador" aquele que enquadra nas normas constitucionais os seus difamadores.  Esqueceu de chamar esses difamadores de "contraventores", este, sim, o apelido daqueles que transgridem as normas.  E, pelo que a história nos mostra, as normas democráticas não são, nunca foram e, com certeza, nunca serão ditatoriais.  Logo, chamar de "ditador" a um juiz que as aplica, para os sensatos não deixa de ser uma incivilidade, uma transgressão.

Mas, está justificado.  O assunto se refere a um "golpe" de Estado.  E, igual a todas as ditaduras do mundo, o primeiro passo a ser dado para uma tomada do poder é a derrubada da Corte Jurídica do  país - no nosso caso, o Supremo Tribunal Federal.  O STF onde uma ditadura se implanta é sempre a primeira instituição democrática a sucumbir; e seus masgistrados os primeiros cidadãos sacrificados. 

Ataques ao Supremo são a prova imediata de um iminente regime de força.

Mas, Deo Gratia, a nossa Democracia rechaçou mais um "golpe", só não se sabe até quando.

Vamos à história:

Será que não bastaram para nós, brasileiros, os tantos golpes sofridos pelo país no século XX?!!...

Sem contar as duas guerras mundiais que nos afetaram, é preciso  ver que começamos o famigerado século XX sob os grilhões de uma oligarquia agro-militar, pelo menos até os primeiros anos da década de trinta;  e que, dentro dessa oligarquia, sofremos indiretamente as agruras da primeira guerra mundial.

A partir de 1934, vivemos, ou continuamos, sob um regime de exceção - Estado Novo -, mantido sob baionetas getulistas-militares durante 16 anos.

Veja-se ainda que, dentre outros golpes frustrados - tentados antes, durante e após o governo de JK -, amargamos, em seguida (a partir de 1964), mais vinte e um anos de terror sub-reptício de uma ferrenha ditadura militar (disfarçada pela operação Côndor).

Perguntemos, pois, aos golpistas de plantão:

- "Que tempo nos sobrou, daquele século, para experimentar e vivenciar uma Democracia?"...

- "Por que reviver agora, com a nossa Democracia consolidada, os mesmos pesadelos daquele maldito século XX?"...

- "Qem são, no fundo, no fundo, os grandes e verdadeiros beneficiários desses fajutos golpes?";

- Que a geração mais jovem nos escute: 

"Não seria melhor, para o nosso bem e para o bem da humanidade, experimentarmos, doravante, pelo menos um século de democracia e de paz?"...

 

Aí, depois de todo esse meu pensar, comentei no rodapé do texto do sr. João Drummond:

 

"Acredito mais nas instituições que trabalham para o Estado. 

A desconfiança seria real se essas mesmas instituições fossem perigosos tentáculos a serviço de um governo. 

Isso já foi experimentado em nosso país:  o que agradava a uns poucos, desagradava à maioria, à democracia. 

E mais, para sua reflexão:

Só sabemos que uma fruta é melhor do que a outra quando experimentamos as duas. 

Tudo uma questão de degustação.  Bom apetite, meu caro Drummond!"

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 23/03/2024
Alterado em 25/03/2024


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