QUATRO LINHAS, ENTENDA-SE: QUATRO PAREDES

Deixar impune o líder de uma tentativa de golpe de estado no Brasil - tanto ele como a trupe do seu ex-governo e a banda podre e partidarizada de nossas Forças Armadas - é, no mínimo, um despropósito:  uma demonstração de conivência com a baderna planejada ao longo dos quatro anos do seu mandato com o objetivo precípuo de implantar em nosso país uma ditadura secular.

O governo golpista passou os quatro anos de seu mandato encrencando com o respeitável Supremo Tribunal Federal, em que tudo começou com uma simples desqualificação:  "Para derrubar o STF 'basta' um cabo e um soldado". 

Até que ele e seus adeptos tentaram, todavia das garras defensivas de um único magistrado (Alexandre de Moraes) não conseguiram passar, mesmo ameaçando-o de impeachment e até de morte. 

Para os estudiosos da história do mundo, é compreensível esse comportamento malévolo.  É que todas as ditaduras que ocorreram até hoje buscam, como primeiro e mais relevante passo, derrubar ou, no mínimo, manobrar a Suprema Corte. 

Quanto ao nosso Congresso, esse, sim, é corrompível, ou corruptível, por natureza.  Basta ver o caso, ou a saída, do "Orçamento Secreto" (verba sem o nome do parlamentar destinatário e sem valor declarado), invencionice que permitiu a oficialização da corrupção. 

Desde  2016, o STF acabou com aquela história de eleições serem feitas às expensas do capital privado.  Agora somos nós, os contribuintes, que bancamos tudo, isto é: pagamos o pato da corrupção moderna, cujo valor astronômico é retirado do erário público. 

Feita toda a manobra, que deixa sem força o Supremo e sem representatividade um Congresso vendável (digo: subornável), resta o Executivo como força única, autocrática. 

Vê-se que, quando cessa a correlação dos três pilares - Judiciário, Legislativo e Executivo -, o regime passa para a mão de um só indivíduo, que tudo faz "dentro das quatro linhas" da Constituição que ele mesmo elabora.  No caso, as decisões passam a ser tomadas "dentro de quatro paredes".

Portanto, onde se lê "Dentro das quatro linhas", numa ditadura leia-se: "Dentro de quatro paredes".  Toda a nação - inclusive os tolos fanatizados que contribuíram para essa aberração - fica manietada, oprimida e subordinada à vontade de um ditador de plantão.  Coisa de republiqueta.

Ufa!!...

Por um triz, escapamos de uma ditadura de cem anos, cujo chicote, ao longo do tempo, passaria de pai para filhos.  Pior: os golpistas, soltos, continuam o seu trabalho sub-reptício. 

Vigiai, porque "Os filhos das trevas são mais astutos do que os filhos da luz"  (Lucas 16:8).

"Que uma sentença justa e rigorosa seja lavrada e executada, como requer a honra da nação e como bem merece seu maior traidor"  (Decisão da resistência organizada tcheca, em 1946, exigindo punição severa para um nazista).    .