Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

A AMÉRICA LATINA ENTRE A ESPADA E A PAREDE

 

 

Propositadamente, a ditadura venezuelana deixa a América Latina, em especial o Brasil, imprensada entre a espada e a parede:

ou se a mantém íntegra - fechando os olhos para o totalitarismo em alguns países do seu bojo -, ou ela se encolhe.

     Queremos dizer:

     >ou os países latino-americanos se unem, em torno de um objetivo comum e acima de suas ideologias, cores partidárias ou regimes de governo,

     >ou, irreversível e caoticamente, se esfacelarão.

     E, segundo Mateus 12:25, "O reino dividido, desaba".

     Nos últimos vinte anos - não é a primeira vez - constatam-se fraudes nas eleições venezuelanas, principalmente as presidenciais.  Intenciona-se ali, claro, simular uma democracia.

     Isso:

> depois de se alterar a Constituição nos moldes de um ditador de plantão (no dizer de todos os ditadores: "dentro das quatro linhas");

> depois de se controlar a Suprema Corte (equivalente ao nosso STF), mantendo-a a serviço do poder coercivo reinante;

> depois de preencher todos os cargos de comando do país com militares, quais mercenários subservientes ao regime antidemocrático instituído;

> depois de o próprio ditador encarregar-se de divulgar para o mundo os resultados eleitorais adulterados e que não refletem a realidade sociopolítica do país...

     A princípio, diante desses fatos devidamente comprovados, os democratas, intimamente, podem apresentar como solução o total isolamento desse país (Venezuela), bloqueando suas relações diplomáticas, econômicas, financeiras, culturais (...) com os demais países democráticos ocidentais.  Uma posição fácil e enérgica, sem dúvida, porém o imbróglio é muito mais sério do que se imagina.

     Pensemos:

     A Venezuela, maior reserva petrolífera do mundo (25%), seguida pela Arábia Saudita (22%), é um dos países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Somos, portanto, vizinhos virtuais (ou vizinhos por tabela) do Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes... (todos membros da OPEP e com os olhos voltados para o nosso Continente).  Os  asiáticos não pregam prego sem estopa quando acarinham algum governante da América com joias de ouro e pedras preciosas de altíssimo valor comercial.  Sem dúvida, querem algo em troca. 

     Ora, se considerarmos, ainda, que a Venezuela, tirante o Brasil, é um dos países com maior participação na PAN-AMAZÔNIA (2.199 km de fronteira brasileira), depois da Bolívia (3.423,2 km) e do Peru (2.995,3 km), seguidos da Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Equador e Suriname, em menor extensão, fica evidente que toda a Amazônia e nossas fronteiras se encontram vulneráveis.

     E agora?!...

     Isolar ou não isolar a Venezuela?

     É importante lembrar que, por razões geopolíticas e econômicas, a Hungria (ditadura de extrema-direita) continua integrada à União Europeia, que não tolerará uma segunda divisão igual à que ocorreu com o BREXIT.    A "U.E." prefere conviver com esse país por motivos mais valorosos do que sua opção regimental e ideológica.  Os países europeus, unidos, tornaram-se uma potência econômica capaz de enfrentar e concorrer com outras potências mundiais, a exemplo da China, Rússia, Índia e Estados Unidos.

     Convenhamos:

     >o Brasil, mormente por conta de sua extensão territorial, ainda é visto e respeitado como líder de todos os países da América Latina;

     >por razões óbvias, deve preferir a unidade, a integração, a não divisão (ou não esfacelamento) continental;

     >sua posição, diante do embaraço venezuelano atirado em seu colo, é indubitavelmente delicada;

     >para piorar as coisas, a Venezuela dá sinais de que provoca e prefere o isolamento; sentir-se-á mais fortalecida ao lado dos seus iguais asiáticos da OPEP, todos ricos e cultores de regimes igualmente autocráticos. 

     "Os iguais facilmente se juntam"  (Cícero, 300 a.C.).

     "Os filhos das trevas são mais astutos do que os filhos da luz" (Lucas 16:8).

     Perguntamos:

     >como o Brasil, mais vulnerável por conta de suas fronteiras com a Venezuela e as Guianas, vai tolerar uma convivência estratégica e harmoniosa com o regime ditatorial venezuelano, sem entrar em conflito com os demais países democráticos latino-americanos?

     >Se não o fizer, que força terá esse líder sul-americano (o Brasil) para bloquear a iminente infiltração asiática na América do Sul e, em consequência, o breve esfacelamento do Continente?

     "Se correr, o bicho pega.  Se ficar, o bicho come" - diz um antigo ditado.

     No momento, só o governo e as autoridades diplomáticas brasileiras sentem a proximidade da espada em seus pescoços, ao tempo em que estão conscientes de que qualquer saída pela parede é humanamente impossível e inviável.

 

Obs.:

Gostaríamos de sopesar seu comentário a respeito, como um "rapaz latino-americano".

 

                                                                                                                                            (fernandoafreire.net)

 

 

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Para o texto: O PT AMA UMA DITADURA!

De: Danilo D

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 04/08/2024
Alterado em 07/08/2024


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