Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

RECANTO.BET - VOCÊ VAI FICAR RICO

 

 

O capitalismo é simbolizado pela moeda de duas caras:  a que olha para cima representa os que têm, enquanto a que olha para baixo identifica a fisionomia cansada dos que nada ou quase nada têm.

Prosperidade, na linguagem capitalista, significa:  abundância acumulada e infinita de bens materiais, fortuna incalculável, riqueza insuperável...  "A medida do TER nunca enche".

Na linguagem dos mais humildes, prosperidade é sinônimo de salário-mínimo, que já é alguma coisa para a metade da população brasileira. "Pra quem é, bacalhau basta".

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Os arquimilionários do mundo, acabam de refundar - atualizada e  mais abrangente, graças às redes sociais - a indústria que é movida por um combustível bastante eficaz e que traz no rótulo um atraente estímulo: "Você vai ficar rico". 

Os indigentes caem;  os pequenos assalariados caem;  a classe média, nem se fala!...

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Para os insanos - os que mordem a isca, porque desconhecem a trama dos mais ricos -, o logro, o deixar-se lesar pela única e divinal chance de tirar o pé da lama.

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Refiro-me às BETs (apostas, em inglês).  Igual a todas as apostas, quem mais ganha é o dono da banca.

Tem até uma canção antiga, de Luiz Gonzaga, que nos dá essa amostra (numa divisão de cruzados entre dois matutos): "Um pra mim, um pra tu e um pra mim" - e segue - um pra mim, um pra tu e um pra mim"... Nesse ritmo, a cada conjunto de seis cruzados, o otário ganha dois (quando ganha) e o "croupier" fica com quatro.

Com as BETs, mais sofisticadas do que o jogo do bicho, a situação é semelhante.

No ano 2023, os brasileiros apostaram R$ 68 bilhões, enquanto a parte dos poucos ganhadores não passou dos R$ 20 bilhões.  Continua em voga o:  "Um pra mim, um pra tu e um pra mim".

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Está muito evidente tratar-se de um plano para incentivar o vício no jogo - e o vício arruína e mata. 

Será essa uma estratégia para diminuir a população brasileira, a partir dos mais pobres? 

Diminuindo a população mais carente, claro, desaparecerão todos os problemas sociais do país.

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Você já parou para pensar nas implicações da crescente popularidade das casas de apostas no Brasil? Alertamos sobre os riscos dessa "epidemia.bets", que está levando milhões de brasileiros à ruína financeira. 

Basta observar qual é o público alvo das "BETs":  os que amam o futebol;  os que se ligam, quase que diariamente, nas competições futebolísticas de times que se digladiam na Copa do Brasil (92 times representantes) e no Campeonato Brasileiro (40 agremiações nas 1ª e 2ª divisões).  Campeonatos que rolam o ano inteiro.  Haja pernas!  Haja rasteiras!  Haja simulações!...

Com números alarmantes e estratégias de marketing agressivas ("Leia na minha camisa"), as milionárias empresas que administram os BETs conseguem driblar, inexoravelmente, até as camadas mais vulneráveis da sociedade, pescando, de sardinha em sardinha, uma fatia significativa do orçamento dos mais pobres.

Discute-se como essa praga ameaça, tanto a saúde financeira das famílias quanto o desenvolvimento econômico do país.

Diante da possibilidade de essa tarrafa, com oferta de efêmera riqueza, alcançar principalmente a base da pirâmide social, capturando mortalmente as arraias miúdas que se arranjam com o quase nada, inclusive a grande parte das que dependem de programas sociais, sugerimos que o governo inclua nesses programas noções de educação financeira, ferramenta adequada para enfrentar o desafio. 

Se não o fizer, os super-ricos, a cada lançamento de suas tarrafas, se tornarão ultrarricos, enquanto os  pobres sucumbirão, miseravelmente, cada vez mais indigentes.

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 17/11/2024
Alterado em 20/11/2024


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