TINHA UM PASSARINHO NO MEIO DO CAMINHO

Tinha um passarinho abandonado no meio do caminho

-  supôs o menino, ao pegar a peninha ensanguentada.

Ao lado da pena tinha uma pedra, no meio do caminho.

Continuou a caminhada.  Alguns passos mais adiante e

encontra outra pena igualzinha, da mesma cor brilhante.

Podia ter alguma ave apedrejada no meio do caminho.

Passadas mais apressadas e respiração agora ofegante,

depara-se com um pássaro, ferido, sedento, agonizante...

A pedra ferina, lá distante, deteve-o no meio do caminho.

Toma nas mãos a avezinha ferida e, com muito cuidado,

envolve-a com sua camisa.  Sabe a sede do passarinho,

todavia, água não se via nem havia no meio do caminho.

De volta a casa, faz da sala de jantar um leito hospitalar

e a mãe, concorde, ata com cordão umbilical as chagas

do passarinho que o filho socorreu no meio do caminho.

Dia seguinte, o pássaro mãe pousa no peitoril da janela.

Traz no bico o alimento escolhido para o filhote enfermo,

que não via, desde a agonia vivida no meio do caminho.

Noutra visita da ave mãe, os dois cuidadores, com muito

carinho, põem perto dela, na janela, o filhote recuperado.

Aí, cantaram felizes no voo de volta ao meio do caminho.

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Os pássaros, agradecidos, iniciaram um ninho na caixa de

ar condicionado dos cuidadores, mas a lei do condomínio

frustrou esse plano. Pedrinhas no caminho do passarinho.

O menino, então, encontrou a solução: puxou o ninho para o

seu quarto; pôs em cima da estante. Daí em diante, só ouve

trinados, louvores e sinfonias de pardais em seus caminhos.