Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

O REVOLUCIONÁRIO BATOM VERMELHO

 

 

Ao longo dos séculos, o batom vermelho tem se caracterizado como uma forma, principalmente  feminina, de expressar sentimentos de amor, desejo, ativismo, rebeldia e até mesmo de misticismo.

 

5.000 anos a.C., homens e mulheres da realeza egípcia usavam o batom vermelho (carmim, gordura ou cera) com o intento místico de se livrarem de todos os males.

 

No Império Romano, a realeza e seus súditos usavam o batom vermelho para dar destaque às suas posições no reino.

 

Na Idade Média, a Igreja não permitia o seu uso por estar associado ao pecado (sensualidade).  Pela mesma razão ainda hoje há igrejas pentecostais que mantêm o mesmo impedimento medieval.

 

A igreja de Michelle é pentecostal?...

 

Logo após a Idade Média, o batom vermelho passou a simbolizar a rebelião feminina contra os muitos séculos de ferrenho autoritarismo masculino.

 

Em 1770, o parlamento britânico aprovou uma lei condenando por bruxaria as mulheres que usassem o batom vermelho.  Elas driblaram e insistiram no uso do batom vermelho evocando a rainha Elizabeth I, que o experimentara (século XVI) por glamour, pois que se sentia atraente e, ao mesmo tempo, atraída pela cor de sua paixão.

 

Na Revolução Francesa (1789), o uso do batom vermelho destacou as mulheres que se organizaram junto aos comuns, à esquerda do palácio dos nobres. 

 

No arquejar da 2ª Guerra Mundial, o batom vermelho, como parte da propaganda política de então, na França, Canadá e EUA, foi lançado como produto de maquiagem, mas com o nome de "Vermelho da Vitória".  Para não haver incompatibilidade com o vestuário, foi sugerido o traje vermelho ou aproximado do carmim.  

 

Nos anos 1960/75, verificou-se uma queda na preferência pelo batom vermelho.  O movimento "Hippie" recomendava às mulheres a aparência natural, sem maquiagem.

 

A partir da metade da década de 70, os movimentos Punk e o Rock and Roll fizeram ressurgir as cores escuras na face e nos lábios femininos.  Nova revolução da juventude em oposição às elites dominadoras.

 

Vê-se que em nenhum momento, desde a recusa do uso do batom pela igreja na Idade Média, o gesto revolucionário feminino esteve em mãos ou nos lábios da direita ou da extrema-direita no mundo.  Pela primeira vez na história universal, a extrema-direita brasileira utiliza o batom alegando um movimento revolucionário, quando, na verdade, a líder desse movimento, ex-primeira dama, Michelle, mais deseja é salvar da prisão o seu marido, o golpista Bolsonaro.  Pra falar francamente, ela faz uso de engodo ao apresentar como vítima do Golpe de 08/01/2023 a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que cumpre prisão domiciliar.  A Débora escreveu com batom a expressão "Perdeu Mané" na escultura "A Justiça", localizada à frente do prédio do STF.   A Michelle não levou em conta, nada informou, no movimento de 25/03/25, em São Paulo, acerca da participação da sua oportuníssima vítima nas manifestações antidemocráticas nas calçadas dos quartéis. Essa, sim, a primeira razão para sua prisão. Michelle falou para os seus "Manés" apalermados que Débora foi punida apenas por ter usado o batom, o que é uma grande mentira.  Quanta sagacidade da oradora, hein!?...

Michelle, no seu "memorável" discurso, teve a ousadia de comparar a Débora com a Rosa Parks, dos EUA, que organizou o Movimento  dos Direitos Civis dos Negros, em seu país.  Rosa Parks foi vítima, sim, por ter desobedecido a lei de Segregação Racial, ao não ceder o seu lugar em um ônibus para um homem branco.  Uma comparação ilógica feita pela Michelle e que contraria o senso comum.  

Uma oportunista que já ocupou todas as redes sociais com a "escandalosa" prisão (agora domiciliar) e vai tirar o máximo proveito dessa ocorrência para angariar os votos dos seus pobres e fanatizados seguidores.  E a nossa democracia, como vai ficar?

Dia 29/07 será o DIA DO BATOM.

Que tal, mulheres de bom senso, riscarem de batom, nesse dia, em todas as estátuas e espelhos que lhe vierem à frente, a expressão:

"DITADURA, NUNCA MAIS" ou

"ANISTIA, NUNCA MAIS"?!...  

Por favor, não deixem o seu centenário movimento revolucionário com o uso do batom escapar para as mãos da extrema-direita!  O batom é de vocês.  O batom revolucionário da democracia é nosso!... 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 14/04/2025
Alterado em 18/04/2025


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