Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

ANISTIA: UM ERRO QUE NASCE DE MUITOS ERROS

 

 

Para falar de anistia, escolhi catar piolho na cabeça da história universal.   

Cristãos - católicos e protestantes - matavam-se uns aos outros por causa de suas pseudo ou aleatórias interpretações acerca das leis de Deus. Ainda hoje, um dos dois lados - secularmente polarizados -  aponta, em imagens de jornais, em imagens de revistas ou em imagens televisivas, o piolho que imagina ver na cabeça do outro.  Quer dizer: vale-se de modernas imagens para abominar as mais remotas;  remontam ou fantasiam a antiga praxe dos invasores, que destruíam os vetustos monumentos históricos que conceituassem valores culturais e costumes dos habitantes da cidade dominada.  Cito, como exemplo,  estátuas, pinturas, gravuras ou qualquer outro símbolo trabalhado por artistas, em especial na Idade Média, para ilustrar ou concretizar valores concebidos por grupos artísticos e/ou intelectualizados da sociedade de uma época.   Tudo era extirpado em nome de um rei e, não raro, em nome de  Deus.  Destruía-se com o fito de impor a adoção dos valores e costumes dos invasores, digo: colonizadores.  Esse proceder, até em forma de adoração, era uma justificativa para perseguir, dominar, escravizar e até eliminar o adversário, sempre em nome de uma invisível divindade suprema.  Em muitos lugares, os que assim procediam não eram julgados ou condenados pelos senhores das leis, porque, segundo a interpretação corrente, Deus os anistiava.  Subterfúgio para proteger os invasores assassinosSe Deus anistia os assassinos, onde ficaria, em nossa entender, o Seu crucial mandamento: "Não matar"?...

No Oriente Médio, sunitas e xiitas há décadas se digladiam, menos por disputas regionais, mais por divergências religiosas, embora tenham Alá como único deus, aquele que anistia a violência: física, psicológica, moral, sexual, econômica, social e belicosa (incrustada em traumas passados que se repetem).

No Ocidente não é diferente. Traumas ditatoriais se repetem, ainda em nome de Deus.  Pastores levam seus fiéis às ruas para aplaudirem os seus sermões de ódio contra a democracia e de apoio a golpes de estado, deixando evidente os seus pendores pelo regime ditatorial que eliminou muitos de nossos irmãos no século passado.  Num exemplo mais recente, no Brasil, gritam por anistia aos golpistas de 08/01/2023 pregando falsidades, com o argumento burlesco e ridículo de que os depredadores eram, em maioria, velhinhas que pediam a ditadura com a bíblia na mão.  Que imagem nova de país teríamos, se acaso esses invasores tivessem, de fato, dominado, à força, o nosso Legislativo e o Judiciário?  Que quadrilha comandaria o nosso Executivo?

Ah, que o nosso Deus nos salve de tão prováveis artimanhas, e, essencialmente, salve este século XXI das tantas e ardilosas ditaduras que o nosso país viveu no século passado!

Se depender de mim, pelas imagens destruídas que vi e por ter sofrido as agruras da maior de todas as ditaduras que nos foram impostas,

DITADURA OU ANISTIA, NUNCA MAIS!...

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 06/05/2025
Alterado em 10/05/2025


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