Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

QUEM MAIS GOVERNOU O PAÍS, DIREITA OU ESQUERDA?

 

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Um resumo do comentário feito, nesta data, no rodapé do texto 

"O ódio a Lula é o ódio aos pobres", 

de J. Estanislau Filho.

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Estamos ultrapassando os 135 anos de nossa República (15/11/1889): República das Espadas (dois primeiros governos militares) e República Oligárquica, até 1934, em que o poder passou a derivar de acordos entre as forças armadas e os ruralistas mineiros - ou cafeicultores paulistas. 

Importante notar que, no início da República, somente votava quem comprovasse ser proprietário rural. 

A relação entre civis (proprietários de terra) e militares chegou ao ridículo de o proprietário de terra, mesmo analfabeto, ter a regalia de adquirir o título de coronel, como se militar fosse.  Daí a expressão "coronelismo". Os coronéis civis se destacavam em especial nos períodos de eleição, quando se formavam os famigerados "currais eleitorais", objeto de barganha com os que pretendiam o poder. 

Em 1934, um golpe militar impôs a posse do presidenciável Getúlio Vargas, candidato menos votado do que o seu oponente, Júlio Prestes, que havia governado o estado de São Paulo.

Seguiu-se o getulismo com o Estado Novo (15 anos de ditadura civil-militar). 

O getulismo, por sinal, embora movimento de direita, conseguiu permanecer no poder pela via eleitoral e principalmente com o voto dos trabalhadores, favorecido que foi com a fundação do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), nunca gerido por um trabalhador, e a aprovação da C.L.T. (Consolidação das Leis Trabalhistas).  Evidencia-se a posição direitista do getulismo quando, sob sub-reptício acordo com os latifundiários, não foram considerados "trabalhadores" os pequenos agricultores e as empregadas domésticas, ao se definir direitos trabalhistas para os cidadãos brasileiros, em 01/05/1943.  

De 1956 a 1961, tivemos o primeiro governo de centro-esquerda (JK): cinquenta anos em cinco; construção de Brasília, industrialização (em especial a automobilística), mudança da capital do país para o centro-oeste...

De 1962 a março/1964, Jânio Quadros governou o país por 6 meses, sendo substituído por um conturbado governo do seu vice, João Goulart, com quem, apesar de ser um grande  proprietário de terras, os militares não simpatizavam por conta de seu apoio aos movimentos de reforma agrária e ao sindicalismo.

Em 1964 teve início a ditadura militar, mantendo o país sob a mira de fuzis, sob censuras ao jornalismo, literatura e artes, sob torturas e sob uma paz camuflada (vide Operação Côndor) durante 21 anos.

No período pós ditatorial (1985 até 2002), tivemos 4 governos de centro-direita (Sarney, Itamar, Collor e FHC). 

Aí, de 2003 a meados de 2016, experimentamos 13 anos de governo de esquerda (Lula e Dilma).    Daí até 2022, mais dois governos de direita (Temer e Bolsonaro). 

De 2023 até agora, retoma o poder o governo de esquerda (com Lula novamente eleito). 

Em resumo: de um total de 135 anos de República, foram 115 anos de governo de direita/centro-direita contra apenas 20 anos de esquerda/centro-esquerda. 

INPS; SUS; auxílio doença; auxílio funeral; farmácia popular; limite de horas semanais de trabalho; minha casa minha vida; retirada do Brasil da estatística da fome (divulgada pela ONU, anualmente, até 2003); salário mínimo com ganho real; bolsa família; abono de trabalho noturno; pagamento de horas extras; contrato de trabalho para empregados domésticos (Dilma/2014); escolas técnicas agrícolas/industriais e universidades públicas no interior do país; liquidação/controle da dívida pública externa; dispensa da ingerência do F.M.I. na economia/finanças brasileiras (que aqui permaneceu do governo Figueiredo ao governo FHC); duplicação das rodovias longitudinais (BR-101, BR-116...); instalação de refinarias petrolíferas nacionais (fechadas entre 2016 e 2022); descoberta e exploração do pré-sal; e muitos etc. e etc. que pretendamos pesquisar, tudo conquistas exclusivas da esquerda, das quais a classe média também e muito se beneficia, mas faz de conta que não vê. 

O que fez a direita, em favor da classe média ou da classe pobre, nos seus 115 anos de governo republicano?  Ao meu ver, exceto o Plano Real que corrigiu uma indomável inflação advinda da ditadura militar, nada, absolutamente nada, a não ser o desfazimento estratégico do que a esquerda aos trancos e barrancos construiu. 

É, todavia, inteiramente justificável a direita assim proceder.  Ela representa muito bem - é notório - o 1% (um por cento) da população mais rica (entre 20 e 21 mil milionários), que, como detentora do capital, separa os brasileiros que têm dos que nada têm.  Nada obstante, apesar dessa seletividade - pasmem! - consegue eleger, com o voto dos que nada têm, a maioria dos governadores de estado e mais da metade da Câmara dos Deputados e do Senado. Ainda grita que nos representa, porque - o que é paradoxal - o voto por engano ou por subserviência que elegeu a maioria direitista do Congresso foi nosso.  Em nome do povo (já que consegue facilmente o voto dos enganados), a direita (repito: representante na realidade do 1% da população) está legislando em causa própria, usufruindo do montante bilionário que antes era destinado ao Executivo e, como se fosse uma ditadura dos engravatados, tem projetos para sufocar as ações do Supremo Tribunal Federal, ainda guardião de nossa mui emendada Constituição.

     Essa discrepância, que os grandes capitalistas querem, mas que, como cidadãos beneficiários de nossa frágil Democracia, temos a obrigação de combater, vem do tempo da escravidãoVejamos: 

- o escravo levava "n" chibatadas (a história nos aponta casos fatais de até trezentas) e era obrigado, se ainda vivo, a beijar a chibata ensanguentada e ainda pedir a bênção ao seu dono. 

Como se não bastasse a humilhação, o engodo:

- a sua patroa, antes da tortura, lia suavemente algum escolhido versículo da bíblia perante todos os outros escravos e membros da família, que era para explicar, cristãmente, que aquela "cândida" punição estava sendo executada a pedido e sob o comando e controle de Deus - um deus perverso, um deus vingativo, um deus de mentirinha... 

     Pelo que a sã consciência depreende, NADA MUDOU. Até as ousadas mentiras subsistem e se transformam em pregações e projetos de poder nos palanques e até nos púlpitos das nossas consagradas e mui respeitadas igrejas.  

Abramos menos certas adulteradas e mal interpretadas bíblias, e muito mais os nossos olhos, os nossos livros e as nossas mentes.

Fanatismo, engodo, subserviência ou submissão, NÃO!

A verdade há de vencer as ideologias oportunistas e seus falsos profetas.

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 16/05/2025
Alterado em 23/05/2025


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